Sociedade

Terceira dose em imunocomprometidos. "Ninguém fez um teste para ver como as vacinas estão no nosso sistema"

"Parece haver necessidade de aumentar a imunidade em pessoas que estão com imunodepressão" LUSA

Cem mil pessoas deverão receber uma dose de reforço da vacina contra a Covid-19. Na lista constam os doentes que tenham recebido um transplante há menos de três meses, pessoas com cancro ativo, que estejam infetadas com VIH/Sida ou que tenham Síndrome de Down.

O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro não tem dúvidas que os doentes com cancro ativo devem fazer parte da lista de pessoas para as quais é recomendada a toma da terceira dose da vacina contra a Covid-19. Vítor Rodrigues advoga que estes doentes correm alguns riscos, uma vez que, além de imunodeprimidos, a maioria destes utentes pertencem a uma faixa etária elevada.

"Parece haver necessidade de aumentar a imunidade, ou a resistência, em pessoas que estão com algum tipo de imunodepressão, e nomeadamente também pessoas mais idosas, e os doentes oncológicos normalmente são mais idosos", explica o representante da Liga Portuguesa Contra o Cancro, que vê a inclusão dos imunocomprometidos na lista das pessoas com necessidade de uma dose de reforço como "uma tentativa de realmente proteger ainda mais um determinado tipo de pessoas; é tentar continuar com esta luta que tem sido feita contra a Covid-19".

Vítor Rodrigues acredita que, "pelo menos empiricamente, e com alguns dados que são vão conhecendo, há utilidade num processo desse tipo".

A Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19 entregou um parecer à Direção-Geral da Saúde com a lista de doenças para as quais é recomendada a terceira dose da vacina. A notícia foi avançada esta quarta-feira pelo Correio da Manhã e confirmada pelo vice-almirante Gouveia e Melo, numa visita a um centro da vacinação na Guarda.

De acordo com o Correio da Manhã, os doentes que tenham recebido um transplante há menos de três meses, pessoas com cancro ativo, que estejam infetadas com VIH/Sida ou que tenham Síndrome de Down fazem parte da lista de pessoas que devem receber a terceira dose da vacina.

Teresa Custódio, do Grupo de Transplantados do hospital Curry Cabral, vê com bons olhos a inclusão destes doentes nessa lista, apesar de ainda não se saber o grau de eficácia das vacinas em pessoas transplantadas. "Ainda ninguém fez qualquer teste para ver como as vacinas que nós já levámos - a primeira dose e a segunda - estão no nosso sistema", aponta.

"Como somos imunodeprimidos, há sempre a tendência de que não faça o mesmo efeito, ou o nosso sistema esteja vulnerável, sabendo nós que uma vacina apenas diminui o risco da gravidade da doença", assinala ainda Teresa Custódio, que se prontifica a aceder à decisão da terceira toma: "Se a equipa multidisciplinar do hospital Curry Cabral assim o entender, estarei disponível para o fazer."

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