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Zelensky e Bolsonaro conversam pela primeira vez desde o início da guerra

EPA (arquivo)

Presidente ucraniano tem apelado aos líderes mundiais ajuda para desbloquear a exportação de cereais retidos no país em guerra.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, revelou esta segunda-feira ter tido uma conversa telefónica com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

No Twitter, o líder ucraniano disse ter informado Bolsonaro da situação da linha de frente na guerra e discutido a importância de retomar a exportação de cereais para prevenir uma crise alimentar global provocada pela Rússia.

Zelensky apelou a que todos os países se juntem nas sanções contra o agressor.

A conversa entre os líderes dos dois países, a primeira desde o início da guerra na Ucrânia, já estava planeada, mas acontece depois de Jair Bolsonaro ter anunciado que deve importar diesel da Rússia.

Em fevereiro, poucos dias antes da invasão, o presidente brasileiro deslocou-se a Moscovo e reuniu-se com Vladimir Putin, no Kremlin. A visita foi criticada por governos internacionais, inclusivamente pelos Estados Unidos.

Tanto a Ucrânia como a Rússia são importantes fornecedores dos mercados mundiais, especialmente de cereais e óleos vegetais, como trigo, cevada e milho, sendo que Kiev é também responsável por mais de 50% do comércio mundial de óleo de girassol e um importante fornecedor de ração para a UE.

Estima-se que milhões de toneladas de trigo estejam retidas na Ucrânia, sendo que a exportação habitual ucraniana neste setor era de cinco milhões de toneladas de trigo por mês.

Desbloqueio é "questão de vida ou de morte"

O Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, disse esta segunda-feira esperar um acordo esta semana para desbloquear as exportações ucranianas de cereais, falando numa "questão de vida ou de morte".

"A vida de milhares - mais de milhares, dezenas de milhares de pessoas - depende deste acordo e, portanto, não é um jogo diplomático, é uma questão de vida ou morte para muitos seres humanos. E a questão é que a Rússia tem de desbloquear e permitir que os cereais ucranianos sejam exportados", adiantou Josep Borrell.

Segundo a Comissão Europeia, não existe uma ameaça imediata à segurança alimentar no espaço comunitário, uma vez que a UE é um grande produtor e um exportador líquido de cereais.

Ainda assim, Bruxelas reconhece o impacto imediato relacionado com o aumento dos custos ao longo de toda a cadeia de abastecimento alimentar, pela rutura dos fluxos comerciais de e para a Ucrânia e Rússia, bem como as consequências na segurança alimentar global.

Para a vizinhança da UE, no norte de África e no Médio Oriente, tanto a disponibilidade como a acessibilidade de preços estão em risco no que toca ao trigo, o alimento básico, o que também acontece na Ásia e na África subsaariana.

O norte de África e o Médio Oriente importam mais de 50% das suas necessidades de cereais da Ucrânia e da Rússia.

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Melissa Lopes com Lusa