Sociedade

Cerca de 500 professores debatem futuro da educação este sábado na FCSH

O professor Carlos Ceia defende que é preciso dar uma imagem diferente destes profissionais, que se demarque das manifestações Pedro Rocha / Global Imagens

O professor responsável pela direção deste colóquio disse que, apesar de tudo, pelo menos na Universidade Nova há sinais positivos.

Cerca de 500 professores, de Norte a Sul do país, de todos os níveis de ensino, vão estar este sábado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, a debater o futuro da educação e formação de docentes em Portugal. Carlos Ceia, professor responsável pela direção deste colóquio, explicou que é preciso pensar em respostas para o problema da falta de professores.

"Conhecemos já estudos internacionais que apontam que, até ao final desta década, o mundo inteiro precisa de mais 90 milhões de professores. O que estamos a tentar fazer é encontrar as melhores soluções para resolver um problema conjuntural e estrutural que não é fácil resolver com uma ou duas medidas. Temos estado todos de acordo, o Governo devia ser mais intensivo, até mais solidário e corporativo em aceitar que este é um desígnio nacional e que algumas das medidas que estão a ser tomadas não são suficientes para atrair mais jovens para a profissão", explicou à TSF Carlos Ceia.

O responsável disse que, apesar de tudo, pelo menos na Universidade Nova há sinais positivos, mas é preciso não deixar que os jovens agora formados abandonem a profissão.

"Este ano nos mestrados em ensino estamos com um recorde de candidaturas. Só na minha faculdade já temos mais de 200 candidaturas para o próximo ano para os diferentes mestrados em ensino, o que é um recorde absoluto de sempre ou talvez seja o facto de saberem que é uma profissão com emprego garantido de imediato. Há tanta falta de professores em diferentes disciplinas que pode ser uma das explicações. Certamente não é o ambiente que se vive à volta da escola pública que as pessoas se sentem motivadas, sabendo que a carreira é difícil, não é bem remunerada. Já tem acontecido, quando chegam ao terreno, têm consciência das dificuldades e das condições às vezes precárias da profissão e acabam por desistir", revelou o professor responsável pela direção deste colóquio.

O professor da Universidade Nova defende também que é preciso dar uma imagem diferente destes profissionais, que se demarque das manifestações com cartazes a perseguir o primeiro-ministro.

"Somos também intelectuais e estamos conscientes das dificuldades, queremos criar pontes, queremos construtivamente melhorar a escola pública e estamos empenhados nisso, muito para além das questões mais técnicas, mais sindicais, que são essas que infelizmente acabam sempre a passar pela opinião pública como as únicas preocupações dos professores. Amanhã não vamos ter cartazes. Durante o dia vamos pensar naquilo que fazemos, naquilo que queremos e como é que podemos melhorar a escola pública", acrescentou.

O colóquio Margens e Pontes para a Educação acontece este sábado, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e a participação é livre. Quem não estiver em Lisboa pode também assistir à transmissão através do YouTube.

TSF