Sociedade

FADU indignada com cortes "sem qualquer critério" da Santa Casa no apoio ao desporto

O presidente da FADU, Ricardo Nora Reprodução Facebook FADU

A Federação Académica do Desporto Universitários teme que se pode correr "o risco de perder e não apoiar devidamente uma das melhores gerações de desportivas" que alguma vez Portugal teve.

O presidente da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), Ricardo Nora, considerou esta quinta-feira incompreensível o corte da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no apoio às federações desportivas.

"Ainda são poucos os dias que distam o término da melhor participação de sempre em jogos mundiais universitários e estamos a atravessar um momento único no desporto português, no entanto, sem qualquer critério, pondera-se cortar o elo mais fraco e o setor que já sofre de um financiamento parco e crónico em Portugal", refere.

Ricardo Nora adianta que "em 2022, o Estado angariou mais de 580 mil euros por dia com jogos sociais, cerca de 4% desse número é o valor atribuído anualmente pelos Jogos Santa Casa para apoiar o desenvolvimento de jovens estudantes-atletas e o desporto universitário em Portugal".

"Acredito que existam reformulações necessárias a serem levadas a cabo, e que os quase 61 milhões de euros, provenientes das apostas, distribuídos por algumas organizações desportivas em 2022 devem contar com essa reestruturação", admite o presidente da FADU.

Ricardo Nora teme que, com os anunciados cortes nos patrocínios da SCML, se pode correr "o risco de perder e não apoiar devidamente uma das melhores gerações de desportivas" que alguma vez Portugal teve.

Na quarta-feira de manhã, várias fontes oficiais confirmaram à Lusa que a SCML avisou várias federações desportivas da necessidade de rever o plano de patrocínios, a menos de um ano dos Jogos Olímpicos Paris2024.

As federações desportivas foram avisadas através de cartas assinadas pela provedora Ana Jorge, que assumiu funções na SCML em 2 de maio último.

Entretanto, a SCML veio assegurar que a revisão, em curso, do seu plano de patrocínios a diversas instituições e entidades, nomeadamente federações desportivas e Comité Olímpico, "não coloca em causa o projeto olímpico para 2024".

Por sua vez, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto considerou possível minimizar os cortes da SCML nos patrocínios ao desporto para 2023, tendo classificado de incompleta a informação avançada pela entidade.

Depois de ter referido que a SCML está a "rever o plano de patrocínios aos eventos desportivos" e de ter prometido agendar uma reunião com a provedora, Ana Jorge, através da rede social Twitter, João Paulo Correia adiantou à Lusa que espera ver os cortes minimizados na reunião marcada para a próxima semana, a realizar-se na quarta ou na quinta-feira.

"Há todas as condições, não diria para reverter [os cortes], porque terei de dar oportunidade à senhora provedora para apresentar o que Santa Casa diz serem os grandes constrangimentos financeiros que está a viver, mas para, pelo menos, minimizar. Teremos de esperar pela reunião", frisou.

Lusa/TSF