Sociedade

AGIF pede que televisões evitem passar imagens de chamas na cobertura de incêndios

Leonardo Negrão/Global Imagens

À TSF, tanto a AGIF, como a provedora da RTP dizem existir alternativas às imagens de chamas e que tudo se resume a uma questão de "boas práticas" jornalísticas.

A Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) apela para que as televisões evitem passar imagens de chamas durante a cobertura de incêndios: "Sabe-se que as imagens de chamas provocam comportamentos miméticos."

"Naturalmente, os incêndios devem ser notícia, é um tema social muito relevante, mas o que nós pedimos é que não passem imagens de chamas", começa por dizer à TSF o presidente da AGIF, Tiago Oliveira, argumentando que os dados mostram que há perfis de incendiários que, por exemplo, "por vingança" lembram-se do fogo, que viram nas notícias, para "começar um problema".

"Há, de facto, uma pressão muito mediática para estar a cobrir aquele acontecimento e a espetacularidade das chamas também atrai os jornalistas a reportar que estão no local. Mas, para já é perigoso para eles e depois também não ajuda a passar uma imagem de serenidade, de orientação e de comportamento", sublinha.

Tiago Oliveira insiste que não está causa o direito à informação e uma eventual alteração à lei também é excessivo.

Para o presidente da AGIF, "através de boas práticas" será possível chegar a um consenso sobre a cobertura mediática de incêndios em Portugal.

Na Califórnia, nos Estados Unidos, as televisões "estão de plantão na estrada" e, por vezes, passam imagens de um avião "só a largar uma calda retardante para que em casa as pessoas percebam que está a ser feita alguma coisa".

Também a provedora do telespetador da RTP, Ana Sousa Dias, afirma que "há um entendimento de que é perigoso insistir nas imagens de fogos florestais" e admite são várias as queixas dos telespetadores.

Como alternativa, aponta, "podem ser apresentadas imagens dos efeitos desastrosos dos fogos".

Por outro lado, a vice-presidente da Ordem dos Psicólogos, Renata Benavente, considera que é um "grupo muito limitado de pessoas" que através do visionamento de imagens de chamas se sente estimulado para provocar um incêndio.

Em declarações à TSF, Renata Benavente afirma que o "desejo de vingança" e "questões de saúde mental" são variáveis mais relevantes e sobre as quais incide mais a ação da ordem na proteção das pessoas.

A AGIF entregou ao Parlamento, no final de julho, o Relatório de Lições Aprendidas, no qual expõe a preocupação do poder da imagem na cobertura mediática de incêndios.

*Com Maria Ramos Santos