Economia

Fixação do crédito à habitação? É "não pagar agora para pagar mais tarde"

Em Portugal, a maior parte dos créditos à habitação é a taxa variável Pedro Correia/Global Imagens (arquivo)

No Fórum TSF, a associação de defesa ao consumidor alerta que o valor agora em falta terá de ser pago mais tarde.

A Deco vê com maus olhos a possibilidade de pedir a fixação da prestação do crédito à habitação e alerta no Fórum TSF desta quinta-feira que "não há propriamente um apoio dado às famílias".

"Temos que ter esta consciência. (...) Existe apenas aqui a possibilidade de não pagar agora e pagar mais tarde", defende a coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco, Natália Nunes.

"O pagar mais tarde importa que exista depois mais juro sobre aquilo que eu não pagar agora. Esta medida dá a possibilidade de fixar o valor da prestação durante dois anos, mas a verdade é que há aqui um valor significativo que não é pago agora", acrescenta, sublinhando que esse valor terá de ficar liquidado dentro de seis anos.

Também a Ordem dos Contabilistas considera que a medida do Governo "é um bocadinho empurrar com a barriga para a frente".

"Efetivamente é uma medida de recurso para as famílias que estão muito atrapalhadas e que não estão a conseguir pagar os seus créditos, mas não representa nenhum desconto efetivo", afirma a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, Paula Franco.

"Aquilo que não se vai pagar agora vai se pagar no futuro e acho que isso é a principal questão que se deve partilhar com todos. Ninguém sabe as circunstâncias do futuro", reitera, apelando à ponderação das famílias portuguesas.

A partir desta quinta-feira e até fim de março de 2024 os clientes bancários podem pedir ao seu banco o acesso a este mecanismo, que abrange empréstimos a taxa variável contraídos até 15 de março de 2023 e cujo período de amortização seja superior a cinco anos.

Este regime faz parte das medidas aprovadas pelo Governo para mitigar os impactos dos custos do crédito à habitação, que têm vindo a subir devido ao aumento das taxas de juro, pois em Portugal a maior parte dos créditos à habitação é a taxa variável.

Manuel Acácio com Maria Ramos Santos