Crise na habitação: estudo revela que seis em cada dez portugueses têm dificuldade em pagar casa
O estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos mostra que 66% dos inquiridos têm habitações que precisam de obras.
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Um estudo divulgado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) revela, entre outras conclusões, que seis em cada dez pessoas sentem dificuldade em enfrentar os custos mensais com a habitação. A FFMS divulgou um barómetro que analisa as condições de vida de quem mora em Portugal e como o acesso à habitação condiciona o futuro.
A análise mostra também que um em cada quatro portugueses adiou decisões importantes na vida devido às dificuldades no acesso à habitação.
Sessenta e seis por cento dos inquiridos revelam que nas suas habitações é necessário realizar reparações ou melhorias urgentes na sua habitação.
Alda Azevedo, uma das consultoras científicas do barómetro, explicou à TSF que se trata de um barómetro inovador que preenche um conjunto de informação que estava em falta.
"O barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos tem aqui um conjunto de fatores de inovação. Por um lado, é analisada a perceção que as pessoas têm do risco das pessoas perderem a habitação no futuro próximo. Olhamos para os constrangimentos que o acesso à habitação causa na vida das pessoas e famílias. Analisamos o conhecimento que as pessoas têm sobre a evolução recente de questões chaves como o aumento do custo médio de compra de casa, população local residente.... Estes fatores de inovação vêm preencher um conjunto de informação que estava em falta, bem como permitir que o leitor tenha o poder de tomar decisões políticas publicas. Preenche uma lacuna importante", argumenta.
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Alda Azevedo considera que a falta de dados quantitativos dificulta a discussão de uma temática que envolve todos os portugueses, nomeadamente a emancipação dos jovens na vida ativa.
"O que o inquérito nos diz é que realmente mais de metade dos inquiridos têm tido decisões de vida que têm sido constrangidas pela dificuldade nos acessos à habitação. É um impacto negativo que tem sido mediatizado sem dados quantitativos e que agora temos. Há um impacto negativo nas intenções dos jovens de saírem das casas dos pais, formar família e ter filhos", sublinha.
O Inquérito foi realizado a 1086 pessoas através de três variáveis: sexo, grupo etário e região, durante o mês de agosto e o mês de setembro. Todos os dados encontram-se disponíveis para consulta na página oficial da Fundação Francisco Manuel dos Santos.