Sociedade

Música é "medicina para a alma" no Centro Oncológico de Vila Real

Francisco Sousa é o musicoterapeuta estagiário que anima os doentes oncológicos enquanto estão a fazer tratamentos Eduardo Pinto/TSF

Todas as semanas há três sessões de musicoterapia para os doentes que vão ao hospital de dia realizar tratamentos contra o cancro.

Porque a música é "medicina para a alma", no Centro Oncológico de Vila Real está a ser desenvolvido um projeto que anima os doentes com cancro enquanto fazem tratamentos, nomeadamente de quimioterapia.

Três manhãs por semana, Francisco Sousa, um estudante do mestrado de musicoterapia, na Universidade Lusíada de Lisboa, vai àquele serviço do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro amenizar um momento considerado doloroso para os doentes.

No início estranharam, mas agora todos agradecem a iniciativa. É o caso de Carla Pinto, 48 anos. Há nove meses que faz tratamentos contra o cancro e desde que começaram as sessões musicais "é mais fácil um bocadinho e as horas passam mais depressa".

O ouvido já não ajuda Gualdino Carvalho, 87 anos, o último dos quais a visitar o Hospital de Dia de Oncologia de Vila Real. No entanto, o aparelho auditivo que usa permite-lhe aperceber-se do ritmo que, por vezes, segue com uma pandeireta. "Ao menos a gente diverte-se", sorri, porque "nem só de pão vive o homem", compara.

Francisco Sousa é o musicoterapeuta estagiário que anima os doentes oncológicos enquanto estão a fazer tratamentos. Diz-se "muito satisfeito" com os resultados e "ainda na semana passada uma doente surda-muda se envolveu e participou" na sessão, o que "foi muito bom". O retorno de quem o ouve enquanto faz tratamentos "tem sido ótimo", o que torna o seu trabalho "espetacular".

A ideia começou por ser implementada pela farmacêutica hospitalar, Cecília Peirone, no internamento de Psiquiatria do Hospital de Vila Real. Tocava guitarra e cantava para os doentes, pois "a música é medicina para a alma". Assevera que "a farmacologia trata o corpo, mas a alma precisa de artes, como música, poesia, entre outras, e faz toda a diferença".

Marta Sousa, diretora do serviço de Oncologia do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, tem a ambição de ver a musicoterapia nos quatro hospitais onde são tratados doentes com cancro: Vila Real, Chaves, Lamego e Macedo de Cavaleiros. "O ideal era temos o musicoterapeuta a tempo inteiro para ajudar a alegrar os nossos doentes", admite a responsável. Neste momento "não há enquadramento financeiro", mas a Marta Sousa espera que "quem de direito comece a ver a mais-valia que este trabalho pode ser para os nossos doentes".

Eduardo Pinto