Mundo

Unicef insta Israel a permitir a entrada de material educativo em Gaza: há 650 mil crianças em idade escolar

Escola em Gaza Moiz Salhi/Anadolu via AFP

Os kits educativos, de apoio psicossocial e de saúde mental da Unicef estão bloqueados há mais de um ano. "Precisamos que esses kits entrem imediatamente", explica o diretor regional para o Médio Oriente e Norte de África do Fundo das Nações Unidas para a Infância

A Unicef exigiu este domingo que Israel agilize a passagem de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza e permita a entrada urgente de diversos materiais de ajuda, nomeadamente de apoio educativo, psicossocial e de saúde mental.

Em comunicado, o diretor regional para o Médio Oriente e Norte de África do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Edouard Beigbeder, referiu que desde o início do cessar-fogo promovido pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, que houve um aumento da entrada de ajuda no território, mas que ainda não é suficiente.

Nesse sentido, Edouard Beigbeder pediu às autoridades israelitas que permitam a circulação segura, rápida e sem entraves da ajuda humanitária para a Faixa de Gaza abrindo, simultaneamente, todas as passagens com procedimentos de despacho melhorados e mais rápidos.

Além disso, acrescentou, deveria ser permitido o trânsito de ajuda através de todas as rotas de abastecimento possíveis, incluindo o Egito, Israel, Jordânia e Cisjordânia.

Defende, por isso, que Israel deve permitir a entrada urgente de diversos materiais de ajuda, de acordo com as necessidades avaliadas, incluindo artigos anteriormente recusados ou restritos.

"Os kits educativos, de apoio psicossocial e de saúde mental da Unicef estão bloqueados há mais de um ano. Precisamos que esses kits entrem imediatamente", afirmou Beigbeder.

O responsável assinalou que o acordo de paz é uma "oportunidade vital" para a sobrevivência, segurança e dignidade das crianças em Gaza, motivo pelo qual o cessar-fogo deve manter-se e transmitir, mais do que calma, ação.

Segundo Beigbeder, Gaza "é o lugar mais perigoso do mundo para as crianças" porque a guerra deixou "feridas de medo, perda e dor".

"A intensificação do trabalho humanitário da Unicef após o cessar-fogo está em andamento. Estamos a trabalhar contra o relógio para salvar a vida das crianças de ameaças evitáveis como desnutrição, doenças e frio do inverno", ressalvou.

E acrescentou: "Estamos a expandir o tratamento nutricional face à fome, transportando água potável em camiões-cisterna para as famílias nos seus locais de refúgio e fornecendo-lhes cobertores, roupas e abrigo."

Beigbeder salientou que as famílias sabem que, após dois anos perdidos, o regresso a uma educação adequada estabelecerá as bases para a aprendizagem, a esperança e a coesão social a longo prazo.

O objetivo da Unicef é que as 650 mil crianças em idade escolar de Gaza regressem à escola.

O cessar-fogo visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, intensificada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1200 mortos e 251 reféns.

A retaliação de Israel já provocou mais de 68 mil mortos e cerca de 170 mil feridos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza (tutelado pelo Hamas), que a ONU considera credíveis.

Lusa