O candidato presidencial diz não estar "preso a lógicas partidárias", a interesses "mais ou menos instalados", "a aparelhos, a cálculos eleitorais, nem a organizações discretas ou secretas"
A poucos metros do Palácio de Belém e numa sala com figuras ligadas ao PSD, mas também um fundador do Chega que já deixou o partido, João Cotrim de Figueiredo assume que quer ser Presidente da República. Concorre ao lugar que é de Marcelo Rebelo de Sousa há dez anos, com vários candidatos na corrida, pelo que admite que parte em desvantagem.
"Bem sei que há quem diga que esta candidatura é impossível, ou que já há muitas candidaturas. E bem sei que há quem me subestime. E bem sei que há depois aqueles tristes de sempre que dizem simplesmente que não dá. Mas se há uma coisa que aprendi na vida é que as coisas que os tristes do costume dizem que não dão, são exatamente as que valem a pena tentar fazer com que deem", atira.
João Cotrim de Figueiredo quer "fazer" com um objetivo em mente: "Eu vou à segunda volta", insistiu, apesar de aparecer atrás dos favoritos, como Henrique Gouveia e Melo, Luís Marques Mendes ou André Ventura, de acordo com os estudos de opinião.
A corrida "só acaba em Belém", disse, apontando para a residência oficial do Presidente da República e posicionando-se perante os adversários. Primeiro, contra Luís Marques Mendes e André Ventura.
"Para mim, ser Presidente da República não é um prémio de carreira. Já fiz melhor. Para mim, ser Presidente da República não é continuar as funções de comentador. Nunca tive. Para mim, ser Presidente da República não é para ganhar mais tempo de antena para berrar nas televisões. Não é o meu estilo", disse.
Visa também Henrique Gouveia e Melo, que se apresenta como candidato independente, mas Cotrim de Figueiredo garante que "não está preso a lógicas partidárias, a interesses mais ou menos instalados, a aparelhos, a cálculos eleitorais, nem a organizações discretas ou secretas".
"Querem mais independência do que esta?", questionou, assumindo-se como o candidato da liberdade e livre, longe das amarras partidárias, apesar de já ter sido presidente da Iniciativa Liberal.
Define ainda três pilares para a candidatura, os três C´s - cultura, conhecimento e crescimento - e pisca o olho ao eleitorado jovem, que tem sido parte do sucesso do Chega nas eleições legislativas: "Haver tantos jovens que olham para o futuro com medo em vez de esperança é o maior falhanço desta geração que hoje está no poder".
A corrida a Belém é mais uma maratona do que um sprint, mas o mandatário da candidatura, José Miguel Júdice, quer que João Cotrim de Figueiredo imite o campeão mundial português Isaac Nader.
"Vejam e revejam o filme da reta final dos 1500 metros e digam que o Cotrim é o Isaac Nader do campeonato das presidenciais", atirou, antes de o candidato subir ao palco e já depois da intervenção de Sophie Wilmès, a primeira primeira-ministra da história da Bélgica e atual eurodeputada e vice-presidente do Parlamento Europeu.