Sociedade

Sindicato da PSP realiza plenário no aeroporto de Lisboa para denunciar "falta de condições"

David Tiago/Global Imagens (arquivo)

O presidente do maior sindicato da Polícia de Segurança Pública salientou que não consegue perceber quais os motivos que levaram o Governo a criar uma Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras "numa PSP que está totalmente desfalcada do ponto de vista de efetivos"

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) realiza esta terça-feira de manhã um plenário no aeroporto de Lisboa para denunciar "a falta de condições" dos polícias, que estão "totalmente exaustos e desmotivados".

Além do plenário que se realiza, entre as 07h00 e as 11h00 na Esquadra de Controlo e Fronteira, dirigentes da ASPP vão também distribuir no exterior do aeroporto informação aos passageiros sobre a atual situação que se vive no controlo de passageiros nas fronteiras aeroportuárias, uma competência que a PSP herdou há dois anos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Este plenário acontece no dia em que há um maior número de voos de e para fora do espaço Schengen (espaço europeu de livre circulação de pessoas e mercadorias) o que poderá originar mais constrangimentos, uma vez que o novo Sistema de Entrada/Saída (EES) tem causado problemas, principalmente nos aeroportos de Lisboa e Faro.

"Consideramos que a terça-feira seria o dia ideal, porque temos de ter algum impacto e dar alguma dimensão para que, de uma vez por todas, quer o Governo, quer a opinião pública, perceba qual é o estado real em que se encontra o serviço nos aeroportos e a dificuldade que estamos a ter, porque parece que ninguém nos quer ouvir", disse à Lusa o presidente da ASPP.

Para Paulo Santos, é importante realizar, não só o plenário para ouvir os polícias, mas também estar no exterior do aeroporto, na parte das chegadas, para distribuir "algumas informações aos cidadãos no sentido de explicar a razão pela qual os atrasos muitas vezes ocorrem".

O presidente do maior sindicato da Polícia de Segurança Pública salientou que não consegue perceber quais os motivos que levaram o Governo a criar uma Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF) "numa PSP que está totalmente desfalcada do ponto de vista de efetivos".

"Constantemente estamos a ver os comandos do país a perder capacidade nas esquadras para dar cumprimento à missão na UNEF", denunciou, frisando que os polícias que estão a trabalhar nos aeroportos, principalmente em Lisboa, estão "totalmente exaustos e desmotivados com esta situação".

Segundo Paulo Santos, a ASPP tem recebido várias denúncias de polícias em "exaustão, "burnout" e desmotivação".

"Estamos a ver os nossos colegas com sobrecarga de trabalho, mas também com a ideia que é muitas vezes passada para o exterior de que os atrasos e as dificuldades e os constrangimentos que existem nos aeroportos serão responsabilidade dos polícias, e isso nós não admitimos", disse.

O que está na base destes atrasos, afirmou, "não decorre daquilo que é o serviço policial em si, mas sim a falta de meios e capacidade até estrutural do aeroporto", salientou.

O presidente da ASSP lamentou que os polícias que estão a desenvolver essa missão estejam a "levar com os impactos negativos daquilo que é a realidade atual aeroportuária", que "não está em sintonia" com o volume de passageiros.

Paulo Santos defendeu que, além de um aumento do efetivo policial, é também necessário criar condições de trabalho tecnológicas e do próprio espaço, mas principalmente deixar de tratar os polícias "como polícia "low cost"", considerando que devem ser "valorizados e compensados" com a atribuição de um suplemento aeroportuário, como acontecia com os ex-inspetores do SEF.

Lusa