Sociedade

"Extraordinária coincidência." Helicóptero do INEM inoperacional no primeiro dia em que serviço é dado como a 100%

Amin Chaar (arquivo)

Confirma o INEM à TSF que no kit médico do helicóptero estacionado no Algarve, em Loulé, faltava uma peça, que o fornecedor se atrasou a entregar. Sem essa peça, por lei, o aparelho não pode fazer o transporte médico de emergência

A 1 de novembro, quatro meses depois do previsto, o INEM anuncia que tem a funcionar "em pleno " os quatro helicópteros para emergências médicas. Nesse mesmo dia, o Hospital de Faro pede a Loulé um helicóptero para levar um recém-nascido em estado crítico para Lisboa, mas o helicóptero não pode atuar. Por falta de uma peça. Foi uma "extraordinária coincidência", adianta à TSF fonte do INEM.

No dia 1 de novembro, sábado, precisamente no dia em que o INEM garantia ter finalmente operacionais a tempo inteiro, foi detetada uma falha no helicóptero. Confirma o instituto à TSF que no kit médico do helicóptero estacionado no Algarve, em Loulé, faltava uma peça, que o fornecedor se atrasou a entregar. Sem essa peça, por lei, o aparelho não pode fazer o transporte médico de emergência.

Foi nesse mesmo dia que o bebé, em estado grave, foi transferido do hospital de Portimão para o hospital de Faro, onde foi depois seguido o helitransporte da criança para Lisboa.

Com o helicóptero de Loulé sem uma das peças, foi acionado o helicóptero estacionado na base de Évora, só que este não levantou voo, alega o INEM, por causa da intempérie. Foi, então, acionado o transporte terrestre desta criança de ambulância do Algarve para Lisboa, que decorreu com equipamento e acompanhamento médico, portanto, com toda a segurança possível.

O INEM rejeita, portanto, responsabilidade direta na situação clínica do bebé, mas admite que o helicóptero de Loulé, afinal, não estava operacional, ao contrário do que anunciava no sábado. E, pelo menos até esta altura, a peça continua em falta, pelo que continua inoperacional.

É esta a situação que está agora a ser investigada pela Inspeção Geral das Atividades em Saúde, precisamente numa altura em que Sérgio Janeiro, presidente do INEM, aguarda uma assinatura da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, para ser substituído por Luís Cabral.

Dora Pires