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Roubo no Louvre: Tribunal de Contas francês critica subinvestimento "crónico" na segurança do museu

Dimitar Dilkoff/AFP

O relatório do Tribunal de Contas, que examinou a gestão do museu entre 2018 e 2024, destaca uma "subestimação crónica e estrutural do risco de intrusão e roubo" pelo museu e "um nível inadequado de medidas de segurança"

Um "alerta ensurdecedor": é com estas palavras que o presidente do Tribunal de Contas francês critica o subinvestimento na segurança do Louvre, um mês após o roubo de joias da coroa francesa no museu.

As melhorias na segurança do museu de renome mundial têm avançado a um "ritmo lamentavelmente inadequado", assinalou Pierre Moscovici, numa conferência de imprensa, para apresentar o relatório do Tribunal de Contas sobre o museu parisiense.

Em vez disso, o museu priorizou "operações de alto perfil e atraentes" em detrimento da segurança, afirmou o Tribunal de Contas no relatório.

Quatro homens invadiram o Louvre, o museu de arte mais visitado do mundo, em plena luz do dia, em 19 de outubro, levando apenas sete minutos para roubar joias avaliadas em quase 90 milhões de euros, antes de fugirem em scooters.

Os ladrões, que estacionaram um camião com uma escada extensível abaixo da Galeria Apollo do museu, que abriga as joias da coroa francesa, partiram uma janela e usaram rebarbadoras para cortar as vitrines que continham as joias.

Até o momento, as autoridades ainda não conseguiram recuperar as joias roubadas. Mas quatro pessoas - três das quais são suspeitas de estarem diretamente envolvidas no roubo - foram acusadas e detidas.

O relatório do Tribunal de Contas, que examinou a gestão do museu entre 2018 e 2024, concluiu agora que a administração tomou decisões de investimento "à custa da manutenção e renovação".

Também destacou "um atraso persistente na implantação de equipamentos de segurança para a proteção das obras de arte", que o museu "não conseguiu" resolver durante o período em análise.

A administração do Louvre afirmou na quinta-feira que aceitou "a maioria" das recomendações do órgão de auditoria, embora tenha sustentado que o relatório não reconheceu algumas das suas ações em matéria de segurança.

As recomendações feitas pelo Tribunal ecoam as conclusões iniciais de um inquérito administrativo realizado após o roubo.

Divulgadas na semana passada pela ministra francesa da Cultura, Rachida Dati, essas conclusões destacaram uma "subestimação crónica e estrutural do risco de intrusão e roubo" pelo museu e "um nível inadequado de medidas de segurança".

A ministra também pediu ao museu que revisse a sua governança e criasse "um novo departamento de segurança e proteção ao nível presidencial".

Está marcada para sexta-feira uma reunião de emergência do conselho de administração do Louvre.

Os ladrões deixaram cair uma coroa cravejada de diamantes e esmeraldas que pertenceu à imperatriz Eugenie, esposa de Napoleão III, enquanto fugiam. Mas levaram outros oito itens de joalharia, incluindo um colar de esmeraldas e diamantes que Napoleão I ofereceu à sua segunda esposa, a imperatriz Marie-Louise.

Lusa