O candidato a Belém garante que, se vencer as eleições, a primeira coisa que fará será uma reunião com o primeiro-ministro, depois uma reunião individual com cada líder partidário e simultaneamente vai ouvir todos aqueles que são os responsáveis pelo setor da saúde
O candidato presidencial António José Seguro disse esta sexta-feira ter ficado "admiradíssimo" por Marcelo Rebelo de Sousa ter proposto um pacto para a saúde após nove anos e meio de mandato, prometendo que se for eleito este setor será prioridade.
"Fiquei admiradíssimo quando o senhor Presidente da República anunciou, ao fim de nove anos e meio de mandato, que iria propor ou que propôs um pacto para a saúde. E depois não vi nenhuma iniciativa. Quando o Presidente da República fala tem de ter consequência da palavra que utiliza. Eu não vou esperar nove anos e meio. Vou, no primeiro ano, iniciar as condições para que esse pacto resulte em soluções concretas para melhorar as condições concretas, para melhorar o acesso dos portugueses aos cuidados de saúde, assegurou António José Seguro.
O candidato presidencial, que falava aos jornalistas na Fundação de Serralves, no Porto, à margem da Conferência Fábrica, organizada pelo jornal Eco, traçou os passos que dará para levar a cabo medidas de convergência para a saúde porque considera "inaceitável" que, todos os dias, os jornais façam aberturas "com notícias sobre mortes ou com situações que não deviam existir num país civilizado".
"Ontem já era tarde. Nós temos de perceber que há aqui uma urgência e que temos de responder aos problemas das pessoas que têm dificuldades a aceder aos cuidados de saúde (...). O meu apelo é o seguinte: deixem-se de tricas e concentrem-se nas soluções. Os portugueses precisam de melhor saúde e de uma saúde a tempo e horas", referiu.
Seguro disse que a primeira coisa que fará será uma reunião com o primeiro-ministro, depois uma reunião individual com cada líder partidário e simultaneamente vai ouvir todos aqueles que são os responsáveis pelo setor da saúde: médicos, enfermeiros, organizações hospitalares, setor privado, setor social.
"E depois definir um percurso, aquilo que se chama um "roadmap", no sentido de receber os contributos de todos e ver onde é que há convergências para que se possa promover o acesso dos portugueses à saúde a tempo e horas", referiu.
Ainda a propósito da saúde, questionado sobre o anúncio do ministro da Defesa, Nuno Melo, de que a Força Aérea vai comprar e operar quatro helicópteros Black Hawk para apoiar o INEM, António José Seguro escusou-se a comentar por "não saber as características técnicas dos helicópteros que foram comprados", mas reiterou: "Aquilo que eu sei é que nós não podemos ter helicópteros avariados e que isso impossibilita o socorro de quem precisa, como aconteceu na semana passada", referiu.
Promovida pelo ECO - jornal económico digital, a conferência "Fábrica 2030", que este ano decorre sob o tema "Portugal que produz", junta hoje cinco candidatos à Presidência da República: Luís Marques Mendes, António José Seguro, André Ventura, João Cotrim de Figueiredo e Henrique Gouveia e Melo.
Na sua intervenção, António José Seguro prometeu que "não será um primeiro-ministro sombra em Belém" e que se for eleito vai ter "uma atuação mais discreta", comprometendo-se em ser "um defensor da estabilidade".
"Estarei menos nos telejornais, mas mais a trabalhar com os partidos. Quem está todos os dias nos telejornais a falar, banaliza a sua palavra (...). O Presidente deve falar no momento certo e no local certo", referiu.
Quanto a ameaças à democracia, Seguro alertou que estas sempre existiram, mas "hoje a dimensão é muito grande".
"As ameaças à democracia resultam de populismo, outras de extremismo, outras de radicalismo. Têm a ver com a quantidade de veneno que existe. Se a dose for pequenina não há problema nenhum, com uma lavagem ao estômago resolve-se, mas se tem a dimensão que estamos a assistir hoje há um problema", alertou.
Ainda no período de intervenção, ara António José Seguro defendeu que Portugal precisa de "uma nova cultura política e de compromisso" para "acabar com as trincheiras e pôr os atores políticos e económicos a remar na mesma direção".
Já à margem, quando questionado sobre o apoio de Manuel Pizarro a Gouveia e Melo, preferiu contar que esta sexta-feira, na apresentação do seu livro, estará presente a presidente da Câmara de Matosinhos e da Associação Nacional de Municípios, Luísa Salgueiro.
Já sobre as declarações de Jorge Pinto, candidato apoiado pelo Livre, de que admite desistir da corrida a Belém a favor de António José Seguro, desafiando-o a esclarecer o seu posicionamento ideológico, mas exige reciprocidade se a sua candidatura crescer, o ex-secretário-geral do PS disse: "Fico muito feliz que várias pessoas e um candidato anunciado, a Presidente da República, considere a hipótese de apoiar, porque verdadeiramente em termos de posicionamentos, eu sou um europeísta, sou um defensor de um desenvolvimento sustentável."