Política

Pacheco Pereira acusa Ana Paula Martins de ser uma "mulher muito arrogante", que governa com "mecanismo de vingança"

Miguel A. Lopes/Lusa (arquivo)

No programa da TSF/CNN Portugal O Princípio da Incerteza deste domingo esteve em análise o estado do setor da saúde, com a ameaça de greve dos médicos tarefeiros e as mortes de uma grávida e o respetivo bebé no Hospital Amadora-Sintra

A socialista Alexandra Leitão e o historiador José Pacheco Pereira responsabilizam a ministra da Saúde pela crise no setor, com este último a acusar Ana Paula Martins de ser "uma mulher muito arrogante" que governa através de um "mecanismo de vingança".

No programa da TSF/CNN Portugal O Princípio da Incerteza deste domingo esteve em análise o estado do setor da saúde, com a ameaça de greve dos médicos tarefeiros e as mortes de uma grávida e o respetivo bebé no Hospital Amadora-Sintra.

Do lado do PS, a vereadora em Lisboa Alexandra Leitão garante que muitos dos problemas que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrenta são "colocados" por Ana Paula Martins. "A começar no que lhe deu a má informação sobre a situação desta grávida [que morreu no Amadora-Sintra]", atira.

Nesta afirmação, Alexandra Leitão refere-se ao caso que levou à demissão do presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra, após este ter transmitido "informações incompletas" à ministra da Saúde, que a levaram a dizer no Parlamento que casos como o de Umo Cani - a grávida de 38 semanas que morreu - dizem "maioritariamente" respeito a mulheres que "nunca foram seguidas durante a gravidez" e que são "recém-chegadas a Portugal, com gravidezes adiantadas". No entanto, foi mais tarde revelado que a grávida de 36 anos estava afinal a ser acompanhada nos cuidados de saúde primários desde julho.

A socialista quer, contudo, "contar a história toda" e, por isso, procura não se restringir a este caso: Alexandra Leitão lembra que, desde 2024, a governante já "nomeou quem quis e já mudou os conselhos de administração" hospitalares.

"Usando a expressão - bastante infeliz - da ministra, os conselhos de administração são todos 'maus'. Parece que os que ela nomeia também são", dispara.

Já Pacheco Pereira acusa Ana Paula Martins de ser "uma mulher muito arrogante", que adota sempre um "discurso de desresponsabilização", ainda que tenha admitido previamente assumir as consequências, caso fosse provada a culpa do setor na morte de algum utente. Lembra, por isso, que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde já concluiu em junho que o atraso no socorro durante a greve no INEM fez uma vítima mortal.

"Já se verificou num ou noutro caso - ainda não estão concluídos todos os inquéritos - que houve essa culpa e ela pura e simplesmente continua em exercício de funções. Entrou com um mecanismo de vingança", entende.

Por outro lado, o social-democrata Pedro Duarte sublinha que o SNS deve "viver dos seus médicos" e que o recurso a médicos tarefeiros deve ser uma medida "excecional".

"Ora, não é isso que se passa hoje. E os números têm-nos mostrado que não é só a fatura ao fim do ano que tem vindo a aumentar de forma avassaladora com os médicos tarefeiros. O recurso [a tarefeiros] tem crescido de uma forma muito substancial", admite.

O recém-eleito autarca do Porto nota, contudo, que quando são os médicos integrados nos quadros a assegurar as urgências há uma "previsibilidade" que é "completamente diferente" daquela que os tarefeiros passam ao setor, uma vez que têm liberdade para "gerir horários".

Cláudia Alves Mendes