Ministra da Saúde recusa abandonar cargo após morte de grávida: "Não, não me demito"
Ana Paula Martins está a ser ouvida no Parlamento no âmbito da apreciação na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2026
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A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, disse esta sexta-feira que não se demite do cargo, depois de uma grávida ter morrido durante a madrugada na Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra.
"Não, não me demito", afirmou Ana Paula Martins, que está a ser ouvida no Parlamento no âmbito da apreciação na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), após ser questionada pela deputada do Chega Marta Silva.
Em causa está a notícia avançada pela CNN Portugal sexta-feira, que dá conta que uma mulher, de 37 anos, deslocou-se ao hospital para uma consulta de rotina, onde lhe foi detetado um problema de hipertensão. A unidade de saúde enviou a mulher para casa com parto marcado para esta sexta-feira. No entanto, horas depois, entrou na urgência do mesmo hospital com um novo episódio de hipertensão e o parto acabou por ser feito. Depois, já na urgência, a mulher sentiu-se mal e acabou por morrer.
A governante responde a esta questão afirmando que casos como este dizem "maioritariamente" respeito a grávidas que "nunca foram seguidas durante a gravidez, que não têm médico de família" e que são "recém-chegadas a Portugal, com gravidezes adiantadas".
"São grávidas que não têm dinheiro para ir ao privado, grávidas que algumas vezes nem falam português e que não foram preparadas para chamar o socorro. Por vezes, nem telemóvel têm", acrecenta.
Em comunicado enviado à TSF, o hospital avança que abriu "um inquérito interno para apurar todas as circunstâncias associadas ao ocorrido".
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) adiantou, entretanto, que o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) recebeu pelas 00h28 desta sexta-feira uma chamada a pedir ajuda para uma grávida de 36 anos, com uma gestação de 38 semanas, que apresentava falta de ar.
"Depois de realizada a triagem clínica e prestado o aconselhamento necessário, o CODU acionou uma Ambulância de Socorro às 00h36", refere o INEM em comunicado.
Segundo o INEM, a equipa da ambulância informou o CODU, às 00h54, que a vítima se encontrava em paragem cardiorrespiratória, tendo sido acionada a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra).
"Às 01h14, no local, a equipa médica da VMER implementou as medidas de Suporte Avançado de Vida (SAV) adequadas. A utente foi depois encaminhada para o HFF, com acompanhamento médico da equipa da VMER, onde deu entrada pelas 01h48", precisa o instituto.
A notícia surge um dia depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter sugerido um acordo político sobre o papel do SNS, do setor social e do setor privado na saúde, para que haja um quadro de médio prazo.
