Mundo

Trump ameaça BBC com ação judicial por edição de discurso

Donald Trump Francis Chung/EPA

O diretor-geral da BBC Tim Davie e a diretora de informação da emissora Deborah Turness demitiram-se. O Presidente dos Estados Unidos, já saudou a decisão

A BBC afirmou esta segunda-feira ter recebido uma carta do Presidente dos Estados Unidos a ameaçar com uma ação judicial pela edição de um discurso num documentário transmitido pela emissora britânica.

No domingo, o diretor-geral da BBC Tim Davie e a diretora de informação da emissora Deborah Turness demitiram-se devido a acusações de parcialidade por causa da edição de um discurso proferido por Donald Trump, em 6 de janeiro de 2021, antes de uma multidão de apoiantes invadir o Capitólio, em Washington.

Questionada sobre a carta de Trump, a BBC disse que "vai analisar a carta e responder diretamente na devida altura", de acordo com um comunicado.

No domingo, Trump saudou as demissões de Davie e Turness e afirmou que a forma como o discurso foi editado foi uma tentativa de "interferir nas eleições presidenciais".

O documentário intitulado "Trump: Uma Segunda Oportunidade?" foi transmitido dias antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024.

Os editores juntaram duas partes do discurso de 2021, proferidas com quase uma hora de diferença, no que parecia ser uma única frase em que Trump exortava os apoiantes a marcharem com ele e "lutarem com todas as forças".

Entre as partes cortadas estava uma parte em que Trump dizia que queria que os apoiantes se manifestassem pacificamente.

Numa carta de demissão enviada aos funcionários, Davie disse: "Foram cometidos alguns erros e, como diretor-geral, tenho de assumir a responsabilidade final".

Turness defendeu os jornalistas da emissora, garantindo que a BBC "não é institucionalmente tendenciosa", mas admitiu terem sido "cometidos erros".

O presidente da BBC, Samir Shah, pediu desculpas pelo "erro de julgamento" e disse que a emissora "aceita que a forma como o discurso foi editado deu a impressão de um apelo direto à ação violenta".

Trump publicou uma mensagem na rede social Truth Social com uma ligação para o jornal britânico Daily Telegraph, agradecendo-lhe por ter exposto jornalistas "corruptos e desonestos" de um país estrangeiro.

Lusa