Apesar dos alertas repetidos, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Campo de Ourique "faltaram totalmente às suas responsabilidades com a manutenção das instalações há muito temporárias"
A Escola Básica Rainha Santa Isabel, de Campo de Ourique, Lisboa, vai estar encerrada na segunda-feira por razões de segurança, após problemas elétricos causados pela falta de escoamento da água da chuva, disse este sábado a Associação de Pais.
Em declarações à Lusa, Mafalda Ambrósio, da Associação de Pais, explicou que o edifício da escola, em monoblocos, que é temporário desde 2021, foi encerrado na sexta-feira, porque as chuvas persistentes fizeram disparar os alarmes de incêndio quando as crianças estavam a almoçar no refeitório, não sendo possível desligar os alarmes sem desligar o quadro elétrico, pelo que foi pedido aos pais para irem buscar os filhos.
"Tivemos informação de que os bombeiros estiveram lá e que deram indicação de que, por questões de segurança, a escola não vai abrir até serem feitas as obras. Para já, é sabido que na segunda-feira as crianças não terão escola", informou, salientando não acreditar que sejam feitas intervenções durante o fim de semana, pelo que a escola pode estar encerrada mais dias.
Segundo os pais, esta situação deve-se a que, "apesar dos alertas repetidos, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Campo de Ourique faltaram totalmente às suas responsabilidades com a manutenção das instalações há muito temporárias".
"O que nos está aqui a preocupar, realmente, é toda a negligência que aconteceu, porque isto podia ser evitado se houvesse a manutenção correta dos monoblocos. E depois existe um empurrar de responsabilidades, em que é da responsabilidade da Câmara ou é da responsabilidade da Junta, e nunca ninguém assume, realmente, a responsabilidade de terem 160 crianças numa escola, que têm que estar seguras, e que têm que ter as condições para o decorrer de um ano letivo saudável e normal", considerou.
A escola, em monoblocos, é provisória desde 2021 e os cerca de 160 alunos deveriam ter iniciado já este ano letivo no edifício original, na rua de Santa Quitéria, que entrou em obras há cinco anos, mas isso não aconteceu.
Segundo a Associação de Pais, os monoblocos estão "sob pressão e com algum desgaste e com muito pouca manutenção" e a situação "começou a agravar-se em fevereiro do ano passado, quando começou a entrar muita água, dificultando a utilização de uma das salas do Jardim Infantil".
"Nessa altura, as crianças tiveram que ir para uma sala que a escola tem, que é a sala dos professores, até se resolver o assunto", contou.
No entanto, este outono voltou a entrar muita água na escola, percebendo-se que os tubos que foram instalados para escoamento de água não têm a dimensão suficiente, pelo que é necessário fazer uma outra intervenção.
Segundo esta responsável, a Câmara tinha solicitado à Junta para fazer uma limpeza dos algerozes e de toda a cobertura para permitir que os tubos estivessem a funcionar em pleno e a Junta limpou as coberturas todas, menos a do ginásio e da sala de apoio, precisamente onde as chuvadas de sexta-feira causaram a entrada de água que levaram a todo este problema.
Em relação à escola original, para onde deveriam ter mudado no início do ano letivo, após as obras da responsabilidade da SRU (empresa municipal de reabilitação urbana), os pais dizem não ter "informação absolutamente nenhuma".
"Não há qualquer informação de quando é que vai abrir, sendo que estava previsto abrir em setembro, depois a última informação que tínhamos era que a obra ia terminar em dezembro deste ano, mas, na última vez que eu falei com a engenheira da SRU, já não soube confirmar esta informação e também já não dava a certeza se iríamos mudar na Páscoa", disse, salientando que o agrupamento também diz não ter mais informações.
A escola tem duas turmas de jardim de infância e cinco de primeiro ciclo.