Portugal

PCP questiona apelo à poupança, BE discorda que resgate «é uma oportunidade»

Numa reacção ao discurso do PR, Jerónimo de Sousa não entende que os portugueses vivam acima das suas possibilidades. Miguel Portas vê no pacote de ajuda uma dependência política.

O líder do PCP discorda da comunicação do Presidente da República (PR) quanto aos sacrifícios que os portugueses terão de fazer para cumprir o plano da ajuda externa.

«O Presidente da República tem responsabilidades na situação em que nos encontramos, tem uma longa participação em governos e em políticas e não pode fazer esquecer as suas próprias responsabilidades», apontou Jerónimo de Sousa, depois do debate com Paulo Portas, líder do CDS-PP, na RTP.

O dirigente comunista disse ainda que Cavaco Silva «usou um termo que de facto não corresponde à verdade», ao afirmar que «todos os portugueses vão fazer sacrifícios».

Aludindo ao pedido de poupança feita por Cavaco Silva, Jerónimo de Sousa sublinhou que metade das famílias portuguesas tem um rendimento abaixo dos mil euros.

«Mas afirmar que vivemos acima das possibilidades, com carácter geral, quando olhamos para quem tem o salário mínimo nacional, com 50 por cento das famílias a ter rendimentos abaixo dos mil euros, é desses que o Presidente da República fala?», questionou, acrescentando que concorda com a necessidade de aumentar a produção nacional.

Em reacção ao discurso do Presidente da República, o Bloco de Esquerda critica a ideia do plano de resgate ser «uma oportunidade» para Portugal, já que as condições que impõe conduzirão a um novo pedido de intervenção externa.

Para o eurodeputado bloquista Miguel Portas, «este tipo de resgates tem sido feito, na Grécia, na Irlanda e tem sido uma tragédia para esses países já que não abriu nenhuma solução».

O fundador do Bloco de Esquerda admitiu que a ajuda externa «vem acrescentar uma dependência política a três semanas das eleições, além da dependência económica» estrangeira.

Portas disse ainda discordar do chefe de Estado quando «diz que os interesses dos portugueses estiveram no centro das negociações».

Sublinhou que «não se defendem os interesses dos portugueses quando se congelam salários e pensões e quando se aumenta o IVA, as taxas moderadoras, se retira dinheiro aos hospitais».

Redação