No debate com José Sócrates, Paulo Portas disse não concordar que se coloque os 78 mil milhões de euros da ajuda externa nas mãos do «político responsável pelo Estado onde chegamos».
O líder do CDS-PP considerou, no debate televisivo com José Sócrates, que não se devem colocar as verbas da ajuda externa na mão de um Governo liderado por José Sócrates.
«Não se devem colocar os 78 mil milhões de euros que a ajuda externa dá a Portugal para sairmos de uma situação em que não tínhamos dinheiro para fazer pagamentos daqui a umas semanas nas mãos daquele que considero que o político responsável pelo Estado onde chegamos», disse Paulo Portas.
Na resposta, José Sócrates classificou estas ideias como «tiradas demagógicas» e, depois de admitir que a «dívida subiu 35 por cento» entre 2007 e 2010, recordou que «todas as dívidas dos países desenvolvidos subiram».
O primeiro-ministro disse ainda ter pedido aos seus assessores para lhe darem o «programa eleitoral do Paulo Portas» e mostrou uma pasta plástica vazia.
«A verdade é que me deram uma pasta em branco. Programa eleitoral do CDS não existe», acrescentou José Sócrates.
Logo a seguir, Portas acusou o chefe do Governo de «mentir mal» e lembrou que todos sabem que o CDS-PP vai apresentar o seu programa político a 14 de Maio.
«Não lhe admito isso. Não me parece que é razoável do ponto de vista democrático iniciar,os os debates sem o senhor deputado apresentar os seus programas», replicou José Sócrates.
Neste debate José Sócrates insistiu na ideia de que o voto contra do CDS-PP em relação ao PEC «abriu uma crise política e com isso empurrou o país para a ajuda externa».
«Depois, o dr. Paulo Portas subscreveu o acordo que fizemos com a troika que no essencial inclui todas as medidas do PEC. Pergunto: o que o país ganhou com a crise política, dr. Paulo Portas?», questionou-se.
O líder dos democratas-cristãos acusou depois o «candidato José Sócrates de não habitar a mesma realidade que a esmagadora maioria dos portugueses».
Questionado pelo primeiro-ministro acerca da dívida, Portas lembrou que o seu partido «propôs que fosse feita a reavaliação, enquanto era tempo, das Parcerias Público-Privadas, que são uma parte significativa da nossa dívida».
Portas recordou ainda as propostas do CDS-PP na «suspensão dos grandes projectos» e numa maior produção e sublinhou que o problema da dívida começou em 2005.
«A dívida pública passou de 84 mil milhões para 170 mil milhões de euros no espaço de seis anos que é o seu mandato. Temos em cada cem jovens 25 sem posto de trabalho e a segunda recessão em dois anos. A história não começou há duas semanas, mas há seis anos», explicou.
Na resposta, José Sócrates recordou a «crise orçamental» herdada pelo seu Governo em 2005 e a sua recuperação, quando o défice baixou de 6,8 para menos de três por cento, mas também a «profunda crise internacional» vivida entre 2007 e 2010.