Durante um jantar com autarcas de Viseu, José Sócrates avisou Passos Coelho de que Portugal não é um país incumpridor e que a fase que atravessa requer «sentido do interesse nacional».
O secretário-geral do PS, José Sócrates, defendeu que Portugal não precisa de lideranças que se dedicam «à discussão de cenários catastrofistas» para o país, mas sim que dêem alento aos portugueses.
«O dever das lideranças neste momento é defender o nosso país, é puxar pelas energias dos portugueses, é dar confiança, ânimo e alento. Esse é o dever de todos os líderes políticos», frisou José Sócrates, ao intervir esta quinta-feira, em Viseu, num jantar com cerca de mil autarcas.
Sócrates lamentou que, ao deslocar-se para Viseu, tenha ouvido «uma declaração surpreendente» do líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que «decidiu hoje discutir o cenário de que Portugal poderia não cumprir o acordo» assinado com as instituições internacionais.
«E decidiu discutir também o cenário em que Portugal tivesse necessidade de reestruturar a sua dívida, isto é, de não pagar parte da dívida. É altura de dizer ao líder do PSD que isto não é uma brincadeira de crianças, que isto exige responsabilidade, sentido de Estado e sentido do interesse nacional», sublinhou.
O primeiro-ministro alertou que o acordo não pode ser posto em causa, garantindo que Portugal o vai cumprir e «não vai entrar em nenhuma lista negra» de países que não cumprem.
«Já bem nos bastava o líder do BE advogando a reestruturação da dívida. O país não carece de lideranças políticas que se entregam à discussão de cenários catastrofistas para o nosso país», referiu.
José Sócrates considerou, apesar das escolhas que os portugueses têm de fazer, «isso não autoriza o vale tudo» e que a defesa de Portugal «exige atitudes de prudência e de responsabilidade» no discurso político.
Apesar de o PS não estar nestas eleições «para dar lições de boa educação», dirigindo-se aos adversários exortou: «parem com os insultos, parem com os ataques pessoais e parem com as brejeirices, porque isso em nada dignifica a vida política nacional».
«Quem faz ataques pessoais e quem dirige insultos está a atingir não os seus adversários, mas o povo português e a democracia portuguesa», avisou o secretário geral do PS.