Boaventura de Sousa Santos diz que é preciso renegociar as condições da divida e que o próximo governo tem legitimidade democrática para negociar a redução dos valores a pagar ao FMI.
Esta tese é defendido no livro "Portugal - Ensaio Contra a Autoflagelação", do professor da Universidade de Coimbra, para que o projecto europeu está morto e perdeu a alma.
Há uma parte da dívida que «não vamos poder pagar nem devemos pagar», avisou.
Os exemplos de desobediência financeira estão na Islândia, na Alemanha e na Argentina e é imperiosa uma renegociação da divida, defendeu, alertando que a questão é saber se isso é feito por iniciativa dos credores ou dos devedores.
«Quando é por iniciativa dos credores normalmente é demasiado tarde. Por exemplo, o Conselho Europeu admite a possibilidade de a partir de 2013 haver reestruturação da dívida», o que é «demasiado tarde», porque nessa altura «estarão destruídas as nossas economias», acrescentou.
Para que se evite isto é preciso a distribuição dos custos da crise pelos credores/especuladores. Boaventura de Sousa Santos afirmou mesmo que este capitalismo selvagem está a destruir o mundo e, por isso, é preciso refundar a Europa.
«As estruturas europeias têm de ser submetidas ao voto dos cidadãos», defendeu, frisando que se os europeus fossem consultados teria sido possível evitar o «desastre».
Boaventura de Sousa Santos considerou ainda que os líderes estão demasiado humilhados para poderem ser inovadores: «As nossas elites na Europa não sabem pensar senão dentro do marco das receitas do neoliberalismo».
Com os lideres da Europa a reagirem desta forma, existe o perigo da emergência de novos nacionalismos, alertou o cientista social.