Economia

Programa imposto pela "troika" «não é lei», diz Carvalho da Silva

O secretário-geral da CGTP afirmou, esta quinta-feira, após uma manifestação com milhares de pessoas em Lisboa, que o programa imposto pela "troika" a Portugal «não é lei».

«Sabemos que a União Europeia, PS, PSD, CDS e o Presidente da República [Cavaco Silva] estão determinados em impô-lo. O "acordo" não é inevitável e não é lei e, tal como aconteceu na Grécia, não responde aos problemas estruturais do país», disse Carvalho da Silva aos jornalistas no final da manifestação de protesto contra "a ingerência da UE/FMI", que se realizou em Lisboa.

"O acordo das "troikas" é, objectivamente, um programa político ao serviço dos grandes acionistas de grupos económicos e financeiros, nacionais e internacionais», frisou.

Dando como exemplo a Grécia, o dirigente sindical lembrou que num ano a dívida grega aumentou 142 por cento, agravou-se o desemprego, a pobreza, os salários e as pensões com a economia grega a regredir 3,4 por cento.

No discurso perante os manifestantes, Carvalho da Silva mostrou-se contra o fim do despedimento com justa causa e disse que a chanceler alemã, Angela Merkel, não tem qualquer razão ao dizer que há pouca produtividade e muitas férias em Portugal.

O sindicalista lembrou que Portugal tem das taxas de actividade mais altas da Europa e dos salários mais baixos.

Disse ainda, durante o discurso, que a "troika" querer convencer as pessoas que ter reformas é um luxo e que os trabalhadores não precisam de subsídio de desemprego e Segurança Social.

Milhares de pessoas manifestaram-se junto à residência do Presidente da República em Belém, num protesto contra as medidas de austeridade, que também aconteceu no Porto.

Em Lisboa, ouviram-se três longas vaias contra a chanceler alemã, a "troika" e José Sócrates e Passos Coelho.