O advogado da criança de Lousada que desapareceu a 4 de Março de 1998, defendeu que Afonso Dias, acusado de rapto do menor de 11 anos, seja levado a julgamento.
Ricardo Sá Fernandes considerou, no Tribunal da Lousada, que a prova da acusação pública, baseada em dezenas de testemunhos, é «sólida e coerente» e por isso justifica que o processo seja levado a julgamento.
O advogado destacou os depoimentos, dias depois do desaparecimento, de cinco crianças que dizem ter visto naquele dia o arguido com Rui Pedro. Algumas dessas crianças terão admitido que viram Rui Pedro entrar no automóvel de Afonso Dias, que então tinha 21 anos.
Ricardo Sá Fernandes também sublinhou o depoimento de uma prostituta, segundo a qual Rui Pedro terá estado com ela na zona de Lustosa na tarde daquele dia, transportado para o local por um adulto.
Segundo o causídico, os testemunhos recolhidos durante a investigação «permitem reconstituir o momento inicial e obtém a fotografia praticamente perfeita daqueles dias».
«Sabemos o que aconteceu e Afonso Dias cometeu o crime de rapto. O país espera que o senhor assuma o acto», concluiu o advogado, voltando-se para o arguido.
Ricardo Sá Fernandes apelou «à consciência de homem» de Afonso Dias para que ajude a compreender o que aconteceu a Rui Pedro.
Opinião diferente teve o advogado de defesa, Paulo Gomes, que sustentou a tese de que a acusação «se baseia em provas ténues», considerando «inútil» que o processo evolua por ser «mais provável a absolvição».
O advogado procurou apontar o que considerou terem sido «contradições e discrepâncias» de horários nos depoimentos das crianças.
O jurista questionou a razão pela qual a primeira equipa da Polícia Judiciária e os sucessivos procuradores não tenham valorizado os depoimentos das crianças e agora, 13 anos depois, o Ministério Público se baseie nesses testemunhos para deduzir acusação.
A propósito, lembrou que o inspector que coordenou a investigação assumiu que quatro das crianças terão mentido quando alegaram terem visto Rui Pedro com Afonso.