Legislativas 2011

CDU considera «chocante» que acordo não tenha «uma palavra» sobre corrupção

Jerónimo de Sousa Global Imagens

O secretário-geral do PCP considerou, no sábado, «chocante» que o memorando de ajuda financeira a Portugal não tenha «uma palavra» sobre o combate à corrupção.

«Não deixa de ser chocante que não haja uma medida, uma palavra sequer sobre a corrupção ao serviço da actividade económica, o tráfico de influências, o branqueamento e a fuga ao fisco das grandes negociatas», afirmou num comício de campanha eleitoral em Setúbal no sábado à noite.

Para o secretário-geral comunista, o acordo de ajuda externa promove a «concentração de riqueza, o nepotismo, a oligarquia, os correligionários, os "boys", os amigos e a corrupção».

«Nem sequer se dignaram a sugerir os meios para reforçar a investigação da criminalidade porque querem que a impunidade grasse», acusou.

Com várias centenas de apoiantes na assistência, junto ao coreto da avenida Luísa Todi, Jerónimo falou pela primeira vez na campanha no tema da corrupção, defendendo que «é preciso dar-lhe combate», porque «mina a democracia e a própria confiança do povo português nas instituições democráticas».

No discurso aplaudido por várias vezes, Jerónimo de Sousa afirmou que se tenta «justificar tudo com má gestão pública» quando os gestores públicos acabam por ser «gestores privados das empresas privatizadas» em processos «de resultados duvidosos para o erário público».

Jerónimo de Sousa deu o exemplo de Almerindo Marques, ex-presidente das Estradas de Portugal, que «renegociou concessões» e que agora é o «homem forte do grupo Espírito Santo na área da construção civil e das obras públicas».

O líder comunista aproveitou para criticar também o estado da Justiça em Portugal, indicando que «para os que cometem crimes de colarinho branco é sempre a impunidade» e que «para os que menos têm ou podem, a Justiça funciona mal ou tarde».

Por isso, afirmou, «o povo está profundamente injustiçado».