Francisco van Zeller avisa que Portugal só pode recuperar a credibilidade se cumprir o acordado com a "troika" e sublinhou a dificuldade de concentrar várias medidas em poucas meses.
«Há muita coisa que vai ficar para trás, porque em primeiro lugar nós temos de cumprir o que está no memorando. É isso que nos vai dar a credibilidade e a credibilidade é que nos vai dar futuros empréstimos», disse Francisco van Zeller, em declarações ao Fórum TSF desta segunda-feira.
Esta exigência, avisou, «vai levar a que muita coisa fique para trás», como medidas para o Ambiente ou para a Educação, «porque em primeiro lugar vamos ter de fazer o que eles ["troika"] mandaram».
O antigo presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) alertou, no entanto, que esse trabalho vai ser tudo menos fácil, porque é preciso concentrar em pouco tempo medidas que levariam vários meses ou mesmo anos.
Trata-se de «legislação extremamente complicada», sendo que algumas medidas exigiram «em tempos normais» um mês para cada uma delas, com «discussões no Parlamento e hesitações do Presidente da República», por exemplo.
«Nós vamos ter de fazer em três meses 40 ou 50» medidas dessas, reforçou, adiantando que a maioria das medidas visam «arrumar a casa», que «está muito desarrumada por indisciplina nossa ao longo dos anos», durante os quais as consequências financeiras de certas medidas não foram tidas em conta.