À TSF, este economista explicou que a negociação da saída de Portugal da Zona Euro deveria ter começado quando se percebeu que o país «não tinha pedalada para a moeda única».
O economista João Ferreira do Amaral recomenda que o primeiro-ministro procure no imediato apoio europeu para que Portugal possa sair da Zona Euro o mais rápido possível, antes que seja empurrado a isso com consequências muito gravosas para a economia nacional.
Entrevistado pela TSF, este antigo conselheiro de Jorge Sampaio e Mário Soares entende que Portugal há muito que devia ter começado a negociar neste sentido desde o momento «em que começávamos a ver que não tínhamos pedalada para a moeda única».
«Infelizmente, as nossas elites dirigentes chegam sempre tarde à decisão. Não é de agora, é desde há muitos séculos. Decidimos sempre tarde e a más horas no que respeita à descolonização e estamos a decidir tarde e a más horas em relação à nossa posição no Euro», acrescentou.
Por isso, ao novo governo liderado por Pedro Passos Coelho, João Ferreira do Amaral aconselha uma negociação «totalmente em segredo» a caminho da saída do Euro, algo que seria bom para Portugal e para a Europa.
«Um país tal como a Grécia e eventualmente como Portugal se criar a sensação de estar a pôr em causa a estabilidade da Zona Euro deve passar a ser um país pária do ponto de vista político. Nesse ponto de vista, julgo que era importante adquirirmos alguma autonomia nesse sentido», adiantou.
Apesar de entender que esta saída terá consequências negativas, este economista lembra que esta situação é inevitável e que é melhor sair «quando ainda podemos dispor de apoio», o que permitiria uma «saída apoiada e ordenada».
Este professor de Economia do ISEG defende ainda que o empréstimo da troika deveria «compensar o aspecto mais negativo da saída do Euro: as dívidas iriam aumentar muito na nova moeda que se criasse».
«Para evitar isso, seria necessário o Estado compensar para evitar que empresas e famílias se tornassem mais endividadas», explicou Ferreira do Amaral, que defende que seria essencial que o apoio do BCE para que a nova moeda se mantivesse dentro das bandas de flutuação em relação ao Euro, o que permitiria evitar uma queda excessiva dessa nova moeda.