Desporto

«Estava a sentir-me a mais na selecção», diz Ricardo Carvalho

Ricardo Carvalho durante um treino da selecção nacional de preparação para o jogo com Chipre Reuters

Ricardo Carvalho diz não ter percebido a opção de Paulo Bento para o jogo com Chipre por um jogador que não tinha treinado e comparou o seleccionador a um «mercenário».

O central Ricardo Carvalho reconheceu que errou ao deixar o estágio da selecção nacional sem falar com ninguém e justificou a sua acção por achar que se sentia a mais na equipa orientada por Paulo Bento quando percebeu que não ia ser titular no jogo com Chipre.

«Estava a sentir-me a mais na selecção naquele momento. Penso que foi uma grande injustiça naquele dia porque tinha treinado bem e estado bem», afirmou o jogador, numa entrevista exclusiva que deu à RTP.

Nesta entrevista, numa referência a Pepe, disse não ter gostado de ter sido «posto de lado» após o central luso-brasileiro não ter treinado e ter chegado ao «trabalho táctico e ir directamente para a equipa principal».

Ricardo Carvalho, que é companheiro de Pepe quer na selecção nacional quer no Real Madrid, confirmou ainda nada ter contra o outro defesa central da equipa portuguesa, mas sim «contra o treinador».

«Foi um sentimento muito forte que tive naquele dia, foi a quente. Quando cheguei do treino achei que não me tinham respeitado e senti que estava a mais. Fizeram-me sentir isso», explicou.

O jogador, que revelou que nem trocou de roupa antes de seguir para o seu automóvel e abandonar o estágio, indicou ainda que só depois de sair é que informou o director desportivo da selecção das razões para a sua atitude.

Comentando a reacção de Paulo Bento, que o acusou de ser «desertor», o defesa disse ainda não ter gostado do facto de Paulo Bento ter passado a maior parte da conferência de imprensa de antecipação ao Chipre-Portugal a falar sobre o seu caso.

«Desertor é uma palavra muito forte. É uma linguagem militar chamar-se desertor. Com a mesma linguagem podia chamar-lhe mercenário, porque quando se vai para a guerra paga e não se vai por paixão ou amor ao país chama-se mercenário», notou.

O defesa garantiu ainda que está «na selecção por amor e paixão» e assinalou que não merecia ser tratado como «desertor», tratamento que diz não admitir a ninguém.

Na entrevista que deu à RTP, o central do Real Madrid disse que sente ter havido um «certo aproveitamento» da situação por parte do seleccionador nacional.

Ricardo Carvalho admitiu que o «episódio não foi o mais correcto da sua parte», mas acusou Paulo Bento de se ter aproveitado disso para o «pisar e massacrar um pouco».

«Isso nunca fiz com ninguém nem com nenhum treinador. Sou directo e, acima de tudo, falo na altura. Não eixo que as pessoas cometam um erro ou outro para depois aproveitar o momento e tentar pisar», adiantou.