O Banco de Portugal recusou críticas quanto a uma eventual pressão sobre o sector bancário, lembrando que as metas traçadas para os bancos resultam do programa de ajuda externa.
Em comunicado citado pela Lusa, o Banco de Portugal lembra que, «no quadro do programa de assistência financeira a Portugal, negociado com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), ficou estabelecido que os oito maiores grupos bancários deverão reduzir gradualmente o respectivo rácio crédito/depósitos para um nível de 120 por cento até 2014» e que «a título de comparação», no caso do programa de assistência à Irlanda ficou estabelecido que o mesmo rácio «se reduzirá para 122,5 por cento até ao final de 2013».
Assim, acrescenta, o rácio exigido à Irlanda «traduz um ajustamento mais acentuado, tendo em conta que o ponto de partida era substancialmente mais elevado do que o dos bancos portugueses».
António Borges, director do departamento Europeu do FMI considerou esta quinta-feira, num artigo da revista Exame, que as consequências da redução do rácio crédito/depósitos para 120 por cento são dramáticas.
Por outro lado, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), António de Sousa, disse, também esta quinta-feira, concordar com o Presidente da República, quando este criticou as metas, dizendo que «talvez a "troika" tenha ido demasiado longe nas exigências à melhoria de rácios de capitais dos bancos e na relação entre créditos e depósitos».
Para o presidente da APB, a questão é que a banca desempenha um papel de financiamento da economia. «Se se cortar a banca desse papel, obviamente que isso tem um reflexo nas empresas e nas famílias e será negativo para as possibilidades de crescimento económico».
O presidente da APB alertou para uma situação de «esmagamento do crédito» na banca e acrescentou não ser «muito defensável do ponto de vista económico que os bancos tenham rácios muito superiores àqueles que são exigidos» e depois disponibilizem capital.
«Se (os rácios) são adequados não é preciso mais capital», rematou.