O bastonário da Ordem dos Médicos alertou que «não é exequível» a ideia de encaminhar doentes não prioritários das urgências hospitalares para os centros de saúde.
«Só pode fazer uma proposta destas quem não tenha a noção do que é uma urgência e das limitações da triagem», considerou José Manuel Silva, no Fórum TSF desta segunda-feira, referindo-se a uma das ideias do grupo de trabalho a quem o Governo pediu sugestões para a reforma do quadro dos hospitais portugueses.
O bastonário deu o exemplo de um doente com uma dor no braço que é encaminhado para a ortopedia, quando a causa da dor pode ser um enfarte.
«Duvido que haja alguém que corra o risco de enviar doentes com senha verde de uma urgência hospitalar para o centro de saúde», porque já aconteceu doentes que receberam essa senha, «de acordo com o protocolo», depois apresentarem «uma situação de saúde grave com morte», alertou.
Quanto à ideia do grupo de trabalho de delegar tarefas médicas em enfermeiros, José Manuel Silva considerou que é «prejudicial para os doentes», porque alguém com o curso de enfermagem não tem as competências dos médicos.
O bastonário acrescentou que até as «pessoas que fazem propostas em abstracto quando estão doentes querem ser vistas por um médico».
Ainda assim, o bastonário mostrou-se disponível para «conversar de forma objectiva» sobre este assunto.
Entretanto, o ministro da Cultura, Imad Abu Ghazi, demitiu-se porque não gostou da resposta do executivo aos novos acontecimentos na Praça Tahrir.