A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados e um especialista recomendam ao Ministério da Administração Interna que regule o quanto antes a marcha urgente dos carros oficiais das figuras de Estado.
O pedido surge no dia em que começa o julgamento do motorista do antigo secretário-geral de Segurança Interna, Mário Mendes, que é acusado de condução perigosa na sequência de um acidente em 2009. O veículo que conduzia chocou com outro carro na Avenida da Liberdade, em Lisboa.
A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados defende que Mário Mendes também deveria ser julgado e o especialista ouvido pela TSF entende que a PSP deveria ter investigado melhor o acidente.
O responsável do Núcleo de Investigação de Acidentes Rodoviários do Instituto Superior Técnico, João Dias, defende que a PSP devia ter feito uma reconstituição científica deste caso para determinar a velocidade dos dois carros envolvidos.
«Nunca vi escrito de uma forma rigorosa qual a velocidade em que ambos os veículos circulavam», o que configura um «factor importante para apurar as causas do acidente», disse.
A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados consultou o processo e tem uma opinião idêntica. O presidente fala numa investigação deficiente e recorda que Mário Mendes era, na altura, secretário-geral da Administração Interna.
«O magistrado não foi prestar declarações à PSP, foi a PSP que foi ao gabinete do magistrado recolher informações. É sempre uma situação embaraçosa um agente da PSP fazer um inquérito ao seu superior hierárquico», disse Manuel João Ramos,
A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados pede ao Ministério da Administração Interna que crie regras claras que indiquem quando é que se justifica a marcha de urgência nos veículos oficiais do Estado.
Manuel João Ramos justificou que há um «buraco nessa regulação que leva a comportamentos abusivos».
O professor do Instituto Superior Técnico acrescentou que essa regulamentação é imprescindível.
João Dias alertou que se o veículo onde seguia Mário Mendes tivesse ido parar ao passeio teria feito mortos.
O anterior governo mandou, em 2006, a antiga Direcção-Geral de Viação fazer esta regulamentação. Um plano que não passou das intenções.