O chefe do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) em Cabul admitiu, esta terça-feira, o fracasso da estratégia que a organização segue há 10 anos no Afeganistão.
Peter Nicolaus, que falava em declarações à AFP, fundamentou as críticas com o que vai assistindo no Afeganistão e com números: 40 por cento dos afegãos, ou seja, mais de sete milhões de pessoas que regressaram ao país depois de 2002, ainda não estão reintegrados.
Quase todos vieram do Irão e do Paquistão (fugidos das guerras e do regime talibã) depois da intervenção internacional e continuam a sobreviver em abrigos ou em acampamentos improvisados.
O chefe da Alto Comissariado da ONU para os Refugiados em Cabul registou que a organização nunca conseguiu arranjar trabalho ou casas e nem sequer contribuiu para criar condições económicas que permitissem aos refugiados fazer uma vida autónoma.
Para exemplificar, Peter Nicolaus usou uma alegoria: quando se constroem cinco estradas, os agricultores ficam beneficiados, porque podem vender os produtos.
No Afeganistão, o ACNUR limita-se a fornecer bens essenciais e arranjar tendas, daí que o responsável máximo entenda que a missão tem sido o maior erro da história daqule organismo das Nações Unidas.
O ACNUR foi criado em 1950, actualmente presta assistência a quase 42 milhões de pessoas e é dirigido por português António Guterres. Em 2002, quando se iniciou a missão no Afeganistão, era liderado pelo holandês Ruud Lubbers.