O líder do PS considerou hoje que as afirmações do Presidente da República sobre José Sócrates são «declarações sem qualquer sentido» e vêm criar clivagens na sociedade portuguesa.
«Eu quando tive conhecimento dessas declarações nem queria acreditar. A primeira responsabilidade de um Presidente da República é de unir os portugueses, e essas são declarações sem qualquer sentido, porque vem introduzir na sociedade portuguesa clivagens», afirmou António José Seguro, durante uma deslocação a Coimbra.
Na perspetiva do líder socialista, «o cidadão Cavaco Silva tem todo o direito a ter a sua leitura sobre a história, o Presidente da República tem outras responsabilidades, e a principal responsabilidade é de unir os portugueses, particularmente num momento difícil».
«Considero que estas foram declarações, neste caso escritas, despropositadas e sem qualquer sentido e utilidade para o nosso país», acrescentou António José Seguro.
O líder do PS destacou ainda a inoportunidade de tais declarações «quando se pedem sacrifícios aos portugueses», considerando que «num momento difícil a função primeira de um Presidente da República é unir, mobilizar, juntar e não é criar divisões».
Salientou que em relação à História, cada protagonista tem a sua própria leitura, e «há tempo» para fazer a sua interpretação.
No prefácio do livro «Roteiros VI», que reúne as suas principais intervenções públicas, Cavaco Silva tece várias considerações sobre a postura do ex-primeiro-ministro José Sócrates, criticando não ter sido «previamente informado sobre o conteúdo ou sequer da existência do PEC IV» tendo por isso ficado «impedido de exercer a sua magistratura de influência com vista a evitar o deflagrar de uma crise política».
«Tratou-se de uma falta de lealdade institucional que ficará registada na história da nossa democracia. O Presidente da República, nos termos constitucionais, deve ser informado acerca de assuntos respeitantes à condução da política interna e externa do País», acusa.
No texto, Cavaco Silva lembra o pedido de demissão do então primeiro-ministro por falta de condições políticas, na sequência do chumbo do PEC IV no Parlamento, e o facto de não existir «qualquer hipótese de constituir um Governo alternativo com o mínimo de solidez e consistência», com todos os partidos da oposição a rejeitarem «liminarmente» a possibilidade de integrarem um Executivo com o PS liderado por José Sócrates e os próprios socialistas a não manifestarem «interesse genuíno na formação de um Governo de coligação».