Para Azeredo Lopes, a decisão da Argentina de expropriar a petrolífera YPF vai acabar com a discussão relativa ao valor da indemnização.
O professor Azeredo Lopes entende que o caso que envolve a expropriação da petrolífera YPF, que era controlada pela espanhola Repsol, vai acabar num tribunal arbitral.
Em declarações à TSF, este professor de Direito Internacional explicou ainda que a partir de agora tudo se vai resumir à discussão dos valores da indemnização.
Este especialista considera também que «nada impede» que a presidente argentina tenha tomado esta posição, uma vez que, «segundo o Direito Internacional, vale o princípio da soberania permanente do Estado sobre o conjunto dos recursos».
«Nessa circunstância, o Estado está obrigado a indemnizar a sociedade ou a empresa estrangeira», adiantou este professor, que diz que muitas vezes os diferendos surgem quando se discute o «valor razoável» da indemnização, quase sempre inferior ao «valor real do bem nacionalizado».
Azeredo Lopes prevê que a Repsol não vá aceitar a proposta que lhe será endereçada pelo Estado argentino o que irá resultar na «constituição de um tribunal arbitral que fixa o valor real que pode estar em causa».
Este professor considera ainda que na sequência deste caso as relações comerciais e diplomáticas entre a Argentina e Espanha vão ficar prejudicadas.
Por seu lado, Andrés Malamud, professor argentino no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, considera que o facto de a Espanha estar muito enfraquecida permitiu à Argentina tomar esta decisão.
«Espanha não tem poder para nada e está a afundar-se mesmo. Não é uma metáfora. Quem pode salvar a Espanha é a União Europeia ou os EUA. Este governo espanhol é muito amigo do governo dos EUA», explicou.
Para Andrés Malamud, embora esta decisão tenha apenas interesse interno para a presidente argentina Cristina Kirchner, a Argentina tem de ser cautelosa em relação a novas nacionalizações, sobretudo se afetarem países como o Brasil.
«O Brasil pode enervar-se, porque isto não é bom para as suas empresas. O Brasil está a investir em toda a América do Sul, também na Argentina», explicou.
Para este professor de Ciência Política, «se a Argentina garante que a nacionalização chega até às empresas europeias está tudo bem, mas se a Argentina começa a fazer perigar o investimento brasileiro, a Argentina vai ficar isolada».