O cineasta entende que Alberto da Ponte terá uma «missão ingrata» pela frente e deseja que o novo presidente da RTP defenda um «serviço público com dois canais».
O cineasta António-Pedro Vasconcelos considerou que o novo presidente da RTP terá uma missão difícil por causa da situação «de quase beco sem saída» criada pelo ministro Miguel Relvas.
Ouvido pela TSF, este realizador lembrou que «qualquer pessoa que aceitasse o cargo depois da saída de Guilherme Costa teria uma «missão ingrata e difícil pela frente».
António-Pedro Vasconcelos, que está contra a concessão da RTP a privados, desejou que Alberto da Ponte «se bata pela manutenção do serviço público com os dois canais, com os meios adequados e que garanta a independência».
Este realizador, que espera que Alberto da Ponte «promova um debate sobre o que deve o serviço público» da RTP, explicou ainda que é «preciso acabar com o clima de incerteza e instabilidade».
«O Governo devia ter tido tempo, antes de começar a governar, para saber exatamente o que queria para a RTP, porque os partidos preparam-se não só quando estão no poder, mas quando estão na oposição», adiantou.
Por esta razão, António-Pedro Vasconcelos acha «surpreendente» que ainda não se saiba o que se quer para a RTP e considera que o «bom senso» aconselha a que se trave este processo e o ministro Miguel Relvas pense «no futuro da RTP».
O cineasta entende ainda que se «continua a nomear-se para a administração da RTP gestores» e não «pessoas que estejam identificadas com o serviço público de televisão».
António-Pedro Vasconcelos contesta também o facto de ser o Governo, através do ministro da tutela, a definir quem vai liderar a RTP, até porque esta empresa é «demasiado importante para o país».
«Deve haver uma forma de nomeação que assegure que há algum consenso e de que há algumas garantias de que quem vai para a administração não obedece exclusivamente aos ditames do Governo e do ministro da tutela», concluiu.