Empresas

Administração da Lusa propõe redução de 1 hora diária com corte de salário

O Conselho de Administração (CA) da Lusa propôs hoje à Comissão de Trabalhadores (CT) da agência noticiosa a redução de uma hora diária no horário de trabalho, com a consequente diminuição proporcional do seu vencimento, incluindo subsídios.

Em comunicado, a CT refere que a administração comprometeu-se ainda a reduzir, em 2013, as despesas correntes da empresa e os gastos com serviços externos, face ao corte de 30,9 por cento (menos 4,8 milhões de euros líquidos) no contrato-programa de serviço público de informação com o Estado.

Na nota, a CT manifestou a sua oposição a «qualquer solução que, à partida, aceite como dado adquirido o corte de 30,9 por cento no contrato-programa», invocando que a proposta do Orçamento do Estado para o próximo ano «ainda está a ser discutida na especialidade na Assembleia da República, podendo este órgão de soberania reverter a situação».

A CT assinalou, em comunicado, que o presidente do CA, Afonso Camões, afirmou que a proposta hoje apresentada «é a menos injusta e evitará outras soluções mais gravosas para os trabalhadores».

Afonso Camões informou a Comissão de Trabalhadores, segundo a mesma nota da CT, que «está a ser preparada» a denúncia do Acordo de Empresa e que «os pressupostos de um novo acordo estão dependentes da aceitação, por parte dos trabalhadores, da redução de uma hora diária de trabalho».

A Comissão de Trabalhadores adiantou ter alertado o Conselho de Administração para o facto de esta medida «ter implicações no serviço que a Lusa presta aos seus clientes, nomeadamente no caudal noticioso», e poder «prejudicar o equilíbrio da cobertura noticiosa».

Um plenário de trabalhadores da Lusa foi marcado para terça-feira à tarde, na sede da empresa.

Num comunicado conjunto, os conselhos de redação da Lusa e da Rádio e Televisão de Portugal (RTP), que representam os jornalistas das respetivas empresas, repudiaram hoje as declarações do presidente do Conselho de Administração da agência, que considerou na quinta-feira, no parlamento, que a Lusa tem condições para se substituir à RTP, «na medida em que a RTP entender, no país e no mundo».

«Nem a Lusa nem a RTP poderão garantir o futuro do serviço público, que é a sua razão de existir, com a atitude de espreitarem reciprocamente as suas fraquezas para reciprocamente se canibalizarem. Se os conselhos de administração de ambas as empresas, ou de uma delas, enveredarem por esse caminho, os jornalistas da RTP e da Lusa opor-se-ão a tal deriva suicida», refere a nota.

Redação