Várias personalidades, entrevistadas pela TSF, gostavam que Angela Merkel tivesse vindo a Portugal anunciar um aliviar das medidas de austeridade e deixar uma mensagem de esperança. A chanceler alemã deveria também perceber a fundo os sacrifícios que estão a ser feitos pelos portugueses com altos custos ao nível do desemprego.
A TSF entrevistou várias personalidades para saber o que gostariam de dizer a Angela Merkel e o que esta deveria esta dizer aos portugueses.
Silva Peneda, presidente do Conselho Económico e Social, gostava que Angela Merkel lhe explicasse como é possível Portugal aguentar mais cinco anos de austeridade.
«A chanceler alemã andou sempre atrasada. No princípio da crise financeira, ela recusava que esta crise tinha aspetos sistémicos, o tempo veio demonstrar que não foi assim e se na altura tivesse tido atitudes mais robustas para combater aquilo que era evidente, seguramente que hoje Portugal não estaria como está», afirma.
D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas, gostava que Angela Merkel reconhecesse que «andava enganada», lembrando que a solidariedade não deve ser feita com radicalismos nem com exigências capazes de «desgraçar um povo».
O eurodeputado e ex-candidato à liderança do PSD, Paulo Rangel, gostava de dizer à chanceler alemã que são precisas mais soluções conjuntas e outro empenho solidário da Europa para os países que estão agora a passar por mais dificuldades. De Merkel, Paulo Rangel esperava ouvir que a Alemanha está «fortemente empenhada na recuperação de Portugal» e dos países do sul da Europa.
Com as atenções viradas para a economia, António Pires de Lima, o empresário e dirigente do CDS-PP ficaria agradado se na mala a chanceler alemã trouxer «compromissos importantes de investimento alemão em Portugal».
Também do lado do CDS-PP, Michael Seufert, que tem dupla nacionalidade (portuguesa e alemã), considera que seria positivo que Merkel usasse a nível europeu o «peso político que tem para que o nosso programa de ajustamento tenha as melhores condições para se concretizar», referindo que os portugueses estão a tentar implementar as medidas de austeridade com grandes sacrifícios como a subida do desemprego ou as falências de empresas.
Outra das personalidades entrevistada pela TSF, mostrou também preocupação com a questão do desemprego e se pudesse confrontaria Merkel com este problema. É o caso do escritor Valter Hugo Mãe que afirma que 70 por cento das pessoas que lhe são íntimas perderam o emprego.
Tiago Gillot, dirigente da organização "Precários Inflexíveis", gostaria de ouvir da chanceler alemã que vai desistir das políticas que tem seguido, porque estas são uma «verdadeira desgraça» para Portugal.
Maria Barroso, presidente da ONG Pró-Dignitate, espera que Merkel consiga trazer alguma esperança aos portugueses, sublinhando que era bom que ela viesse dizer «que ia acabar com esta exigência que está a causar problemas de uma gravidade extrema» a países como Portugal.
Também o humorista Herman José pede a Angela Merkel que traga uma mensagem de otimismo e esperança, de preferência que «minta, porque já estamos tão deprimidos que não aguentamos a verdade».
A TSF ouviu também economistas, sociólogos e historiadores. O investigador do Instituto de Ciências Sociais e diretor do Instituto do Envelhecimento da Universidade de Lisboa, Manuel Villaverde Cabral, não espera «más notícias» de Angela Merkel, enquanto Bruto da Costa, professor catedrático da Faculdade de Lisboa, tem muita pena que ela não esteja a tomar em conta a herança de Helmut Kolh.
A historiadora Irene Pimentel gostava de ouvir um pedido de desculpas de Merkel pela «falta de visão» e «desconhecimento da realidade» de países como Portugal, considerando que esta deveria ler «a história do seu próprio país para perceber que a política de austeridade pode provocar problemas gravíssimos».
O economista João César das Neves sublinha «que as pessoas exageram no poder e flexibilidade» que ela tem, realçando que é preciso que Portugal mostre à chanceler alemã que está empenhado em honrar os seus compromissos.