O papa Bento XVI, que vai resignar na quinta-feira, aprovou hoje um "motu proprio" (decreto) para dar "a possibilidade de antecipar" o conclave de cardeais que vão eleger o sucessor, informou o Vaticano.
«Deixo aos cardeais a possibilidade de antecipar o início do conclave, uma vez que todos estejam presente, ou o adiamento, em caso de motivos graves, da eleição por alguns dias», indicou o papa.
Neste decreto, Bento XVI lembra que o prazo normal para a realização de um conclave é no mínimo de 15 dias e no máximo de 20, após o início do período de Sé vacante.
O papa, que sublinhou «a idade avançada» e o «enfraquecimento das suas forças», anunciou a 11 de fevereiro a demissão que se tornará efetiva na quinta-feira às 19:00 TMG (mesma hora em Lisboa).
Imediatamente após começará o período de "Sé apostólica vacante", durante o qual será organizado um conclave. Até aqui e de acordo com a constituição apostólica ("Universi Dominici Gregis", assinada por João Paulo II, em 1996), o conclave não podia começar antes de 15 de março.
Mas depois do "motu proprio", hoje publicado por Bento XVI, os cardeais podem decidir, por meio de voto, antecipar o conclave para permitir ao novo eleito uma melhor preparação para a Páscoa, a 31 de março, uma celebração muito importante para 1,2 mil milhões de católicos.
No conclave participam apenas os cardeais eleitores - com menos de 80 anos -, decorrendo no maior segredo, na capela sistina.
A eleição do papa exige uma maioria de dois terços dos votos.
O número máximo de cardeais eleitores é de 120, fixado por Paulo VI e confirmado por João Paulo II e Bento XVI, mas o próximo papa vai ser escolhido por 115 cardeais.
No conclave estarão 60 cardeais europeus, 19 da América Latina, 14 da América do Norte, 11 de África, dez da Ásia e um da Oceânia.
Os países mais representados são a Itália, com 28 cardeais eleitores, Estados Unidos, com 11, Alemanha, seis, Brasil, Espanha e Índia, cinco cada.