Centenas de militares vão estar hoje à porta da residência oficial do primeiro-ministro, em protesto contra aquilo que consideram ser a cegueira das políticas de Passos Coelho.
«Esta forma cega, este autismo e desrespeito pelas leis em vigor não permitem encontrar as melhores soluções. Não somos contras as reestruturações, as racionalizações, as fusões necessárias, pelo contrário, mas com as pessoas e para as pessoas. Não pode ser feito contra as pessoas ou instituições», disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), Lima Coelho.
A ANS, a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) e Associação de Praças (AP) têm vindo a mostrar-se contrárias a diversas alterações já em curso ou por introduzir nos respetivos sistemas de saúde, de proteção social e de progressão nas carreiras.
Lima Coelho, comentando a mais recente intenção governamental de fundir as três instituições de educação militar, defendeu que as medidas do Executivo da coligação PSD/CDS-PP «não podem continuar a obedecer a princípios puramente economicistas, pois há que salvaguardar a qualidade dos serviços prestados».
«Se as respostas não surgirem e se agravar a situação, de acordo com o mandato que nos foi outorgado, iremos continuar a procurar caminhos e as formas mais adequadas de sensibilizar aqueles que têm por missão governar o país, ao abrigo da responsabilidade que os cidadãos portugueses lhes atribuíram. Isto não pode ser uma coisa ligeira», sustentou, reiterando que Portugal não deve «obedecer cegamente a ditames ou imposições vindas do exterior».
O ministro da Defesa Nacional, Aguiar Branco, anunciou há semanas que a reestruturação das Forças Armadas vai implicar reduções de custos em 218 milhões de euros a partir de 2014, incluindo perto de oito mil efetivos.
A concentração está marcada para as 17h30, junto à residência oficial do PM, em São Bento. De acordo com Lima Coelho, uma comitiva dos militares será recebida pelo gabinete do líder do Governo, entregando a resolução aprovada no encontro de membros das Forças Armadas de 6 de março, seguindo-se intervenções, no exterior, dirigidas aos restantes militares.
Pelas 18h00, o Conselho Superior de Defesa Nacional vai estar no Palácio de Belém, num encontro que será presidido pelo chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, que é também o comandante supremo das Forças Armadas.