A saída do Governo de Miguel Relvas vai implicar a primeira mudança ao nível de ministros no executivo PSD/CDS-PP ao fim de 22 meses.
Até agora, as quatro anteriores mexidas no Governo liderado por Passos Coelho, que tomou posse em junho de 2011, apenas tinham afetado secretarias de Estado.
A última mexida no executivo aconteceu na semana passada com a saída do advogado e antigo deputado do PSD António Almeida Henriques do cargo de secretário de Estado Adjunto da Economia e do Desenvolvimento para se candidatar à Câmara Municipal de Viseu, não tendo sido substituído na pasta.
Passos Coelho 'resistiu' mais tempo do que os seus antecessores, José Sócrates e Pedro Santana Lopes, a mudanças mais profundas no Governo.
A primeira "baixa" no Executivo registou-se a 12 de março de 2012, quando o ex-secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, apresentou a demissão alegando motivos de «índole pessoal e familiar», uma saída que a oposição viu como uma «cedência» do Governo aos «interesses instalados» do setor energético.
A segunda alteração no elenco governamental aconteceu a 25 de outubro e atingiu três secretarias de Estado: Francisco José Viegas saiu da Cultura por razões de saúde, sendo substituído por Jorge Barreto Xavier, e Isabel Silva Leite deixou, a seu pedido e por motivos pessoais, o Ensino Básico e Secundário, pasta que passaria para Henrique Dias Grancho.
O primeiro-ministro optou nessa altura por separar as pastas das Finanças e do Tesouro, criando uma nova Secretaria de Estado das Finanças, ocupada pelo vice-presidente do PSD, Manuel Luís Rodrigues, e mantendo Maria Luís Albuquerque como secretária de Estado do Tesouro.
Já em 25 de janeiro, Paulo Júlio apresentou a demissão do cargo de secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa, após ter sido notificado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra de um despacho de acusação pela alegada prática, em 2008, de um crime de "prevaricação de titular de cargo político", enquanto autarca em Penela.
A ocasião foi aproveitada por Passos Coelho para proceder a outras "mexidas" e, no dia 01 de fevereiro, o presidente da República, Cavaco Silva, deu posse a sete novos secretários de Estado do XIX Governo Constitucional, no Palácio de Belém.
Ana Rita Gomes Barosa substituiu Paulo Júlio na Secretaria de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa. António Pedro Roque da Visitação Oliveira tomou posse como secretário de Estado do Emprego, lugar ocupado até aí por Pedro Miguel Silva Martins e Franquelim Fernando Garcia Alves foi empossado secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, cargo desempenhado anteriormente por Carlos Nuno Oliveira.
Adolfo Miguel Baptista Mesquita Nunes tomou posse como secretário de Estado do Turismo, substituindo Cecília Meireles, Francisco Ramos Lopes Gomes da Silva tomou posse como secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, face à saída de Daniel Campelo, e Paulo Guilherme da Silva Lemos tornou-se o novo secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, no lugar de Pedro Afonso de Paulo.
Alexandre Nuno Vaz Baptista de Vieira e Brito tomou posse como secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, uma nova pasta criada nessa terceira remodelação.
Nos governos anteriores as primeiras remodelações surgiram ao fim de quatro meses. Com Sócrates, a primeira "baixa" foi o ministro das Finanças, Campos e Cunha, por motivos «pessoais, familiares e de cansaço».