Os parceiros sociais consideraram hoje que o crescimento económico que o Governo propõe como base de um possível acordo tripartido não é compatível como as novas medidas de austeridade que o primeiro-ministro deverá anunciar na sexta-feira
O Governo e os parceiros sociais reuniram-se hoje durante cerca de três horas para discutir a 'Estratégia para o Crescimento, Emprego e Fomento Industrial 2013-2020', documento com o qual o executivo pretende criar as bases para o crescimento económico, com pressupostos como a reindustrialização, investimento e exportações.
Para o líder da CGTP o encontro tripartido mostrou que «dificilmente se poderá celebrar um acordo de concertação social» porque acordos anteriores, como o do aumento gradual do salário mínimo, não estão a ser cumpridos e porque «o Governo, pela voz do primeiro-ministro, vai anunciar mais cortes para os de sempre, os trabalhadores».
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, congratulou-se com o facto de o ministro da economia ter assegurado o cumprimento integral do acordo tripartido de janeiro de 2012, mas criticou a apresentação ao país pelo Governo, sexta-feira, de novos cortes, antes de os parceiros terem conhecimento das novas medidas de austeridade.
«Esperamos não ser surpreendidos amanhã pelo primeiro-ministro, com um novo pacote de medidas de austeridade e de cortes que venham denegrir o que estamos disponíveis para construir», disse o sindicalista, referindo-se ao diálogo social em torno de medidas para o crescimento e o emprego.
O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, considerou que «esta reunião foi bastante frustrante porque o documento do Governo representa um conjunto de generalidades sem medidas concretas» para relançar a economia.
Admitiu que o documento do Governo contém algumas coisas positivas mas «não tem novidades» e «está muito longe do que é preciso para recuperar a economia portuguesa».
«Não estamos para entrar em novas discussões enquanto o atual acordo não estiver cumprido. A prioridade deve ser dar cumprimento a este acordo e promover medidas para o crescimento económico», defendeu.
O presidente da Confederação Empresarial Portuguesa (CIP), António Saraiva, foi o único parceiro a considerar que a reunião de hoje foi proveitosa porque permitiu alguns esclarecimentos.
António Saraiva também manifestou preocupação quanto às medidas de austeridade que o Governo irá anunciar sexta-feira por considerar que neste momento o Governo devia apostar em políticas eficazes para o crescimento económico e o combate ao desemprego.