A Coreia do Sul e a do Norte chegaram hoje a acordo para reabrir a linha de comunicação militar entre os dois países na sexta-feira, desligada em março no auge da tensão na península, anunciaram fontes oficiais.
Durante um encontro de uma comissão de funcionários, que estão a negociar a reabertura do parque industrial conjunto de Kaesong, as duas Coreias decidiram restaurar as comunicações militares, já a partir de sexta-feira, informaram fontes governamentais sul-coreanas à agência noticiosa da Coreia do Sul Yonhap.
Esta medida era uma das exigências de Seul para a reabertura do parque industrial conjunto, situado em território norte-coreano.
Em agosto, os dois governos decidiram reabrir Kaesong, encerrado por Pyongyang há quatro meses.
«Como passo prévio à restauração, as duas partes planeiam estabelecer contacto, de teste, às 09:00 de sexta-feira (01:00 em Lisboa)», disse um funcionário sul-coreano aos jornalistas.
Até aqui e desde que foram cortadas as comunicações militares, a única forma de contacto entre Pyongyang e Seul era a linha telefónica da Cruz Vermelha, instalada na aldeia fronteiriça de Panmunjon, no famoso paralelo 38.
Depois de um longo período de tensão, as duas Coreias estão a recuperar projetos comuns, como Kaesong, a reunião de famílias separadas ou as viagens turísticas de sul-coreanos ao monte Kumgang, no Norte.
A tensão na península coreana foi desencadeada pelo teste nuclear da Coreia do Norte, o consequente agravamento das sanções da ONU e os exercícios militares conjuntos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos. Pyongyang ameaçou repetidamente Seul e Washington com ataques convencionais e nucleares.
As relações entre os dois vizinhos conheceram uma forte deterioração desde 2010, ano marcado por dois incidentes graves: o torpedeamento em março de uma corveta sul-coreana, atribuído a Pyongyang por um inquérito internacional (46 mortos) e o bombardeamento de uma ilha sul-coreana pelo Norte em novembro (quatro mortos).
As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz.