Ambiente

Alterações climáticas vão provocar extinção de 60% a 80% de espécies no sul da Europa

DR/Daniel Beltra/Greenpeace

As alterações climáticas previstas para este século vão provocar a extinção de espécies e aumentar a desnutrição entre os povos do mediterrâneo, onde se encontra Portugal, revela a Quercus citando o relatório da ONU.

«A população que sofre de subnutrição na zona do Mediterrâneo poderá aumentar entre 25% a 90%, mesmo com um aumento da temperatura global abaixo dos 2º C», afirma a Quercus, referindo-se ao relatório do Painel Intergovernamental de Cientistas para as Alterações Climáticas (IPCC), que hoje apresenta os impactos esperados para as diferentes regiões do mundo.

Na passada sexta-feira, o IPCC divulgou as principais conclusões gerais que apontam para que possa haver um aumento da temperatura do planeta até aos 4,8ºC e uma subida do nível da água do mar até aos 82 centímetros, durante este século.

Portugal pertence ao grupo de países do sul da Europa e mediterrâneo, onde são esperadas situações extremamente preocupantes, segundo informações avançadas pela Quercus que fala na «extinção de 60% a 80% das espécies no Sul da Europa e Mediterrâneo», com um aumento da temperatura global abaixo dos 2º C.

«O risco dos efeitos catastróficos de desnutrição, conflitos alimentares, incêndios florestais, inundações e extinção de espécies é demasiado elevado para não se tomar uma ação», defende a associação ambientalista em comunicado.

As culturas agrícolas devem diminuir entre 15 e 20% em toda a região mediterrânea, com um aumento esperado de conflitos relacionados com a segurança alimentar.

Também os fenómenos climáticos extremos devem diminuir a segurança alimentar: o aumento do calor terá um impacto negativo na saúde animal e na produção alimentar, com uma eventual diminuição das áreas de pastagem; e a subida do nível do mar vai diminuir a disponibilidade de água potável e aumentar os níveis de salinização em toda a costa Mediterrânea.

«O PIB irá diminuir 5 a 10% com os custos relacionados com a adaptação às alterações climáticas e 14% sem adaptação, devido à subida do nível do mar», revelam os ambientalistas.

Também a produção de energia renovável pelas barragens será afetada pelas alterações nos caudais dos rios.

De acordo com a Quercus, o estudo revela que no caso concreto de Portugal haverá menos chuvas, mas mais episódios de inundações. O relatório do IPCC admite mesmo que os caudais anuais de água sofram uma redução até 40% no sul da Europa e mediterrâneo.

Com a diminuição da precipitação nas estações quentes, são esperados mais episódios de seca e escassez de água o que irá provocar mais incêndios florestais.

Neste relatório, a Europa é abordada por regiões, sendo que o sul da Europa e Mediterrâneo inclui Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Eslovénia, Croácia, Hungria, Roménia, Bulgária e partes de França.

Perante este cenário, a Quercus defende que Portugal e a União Europeia (UE) deverão ter uma «posição forte» na próxima Conferência das Nações Unidas sobre clima em Varsóvia, fazendo aprovar medidas como uma redução de 40% de gases de efeito de estufa até 2020.