Política

Jardim: Mercados não querem saber se Portugal foi «menino bem comportado»

Alberto João Jardim Global Imagens/Helder Santos/Aspress

O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, afirmou hoje estar preocupado com a situação da economia portuguesa quando acabar o programa de ajustamento.

«Vejo com muita preocupação a situação em que vai estar a economia portuguesa», declarou Alberto João Jardim aos jornalistas à entrada na Assembleia Legislativa da Madeira, numa das suas raras deslocação ao parlamento insular, para o início da discussão do Orçamento Regional para 2014.

«Preocupa-me porque o programa de ajustamento feito ao Estado português não foi uma medida de recuperação da economia portuguesa, foi para propiciar liquidez ao Estado português, para não fechar e foi pôr o Estado português a pagar aos credores», argumentou o governante madeirense.

E acrescentou: «o que vai ser decisivo é a situação económica em que nos [Portugal] encontrarmos quando acabar a assistência económica e financeira, porque os credores não querem saber se fomos ou não meninos bem comportados em relação ao plano de ajustamento financeiro, vão querer saber é como é que está a economia portuguesa a 30 de junho de 2014 e a reação dos mercados vai ser em função dessa análise».

O líder regional salientou o caso da Irlanda, que terminou o seu programa de resgate, apontando que «consolidou de facto as suas finanças públicas, mas a está numa situação económica terrível».

«Portanto, nós já vamos ter um indício do que se vai passar em função do comportamento dos mercados agora com a Irlanda a partir de 1 de janeiro», realçou.

Jardim anunciou que vai encontrar-se com o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho na «segunda ou terceira semana de janeiro», porque é «preciso saber o que fazer quando acabar a troika em Portugal».

O responsável declarou que o programa de ajustamento económico e financeiro imposto à Região foi «indecente (...) depois do Estado português ter retirado da Madeira o que retirou durante cinco séculos e meio (...), como se não fosse Portugal».

Sobre o Orçamento Regional para 2014, o chefe do executivo insular sustentou que «deriva da estrutura colonial em que vive a Madeira», acrescentando: «Este não é o sistema político que nos interessa e propicia desenvolvimento, nós estamos num sistema colonial que nos é imposto».

Sobre a questão da dívida pública da Madeira, Jardim realçou: «Não estou como dr. Mário Soares que diz que as dividas não se pagam», destacando que a Madeira «amortizou alguma com este plano, porque a divida da Região tinha um montante muito grande, mas a divida trazida a um plano de consolidação financeira, o que está a fazer é pagar o serviço da dívida».

A proposta do Orçamento Regional para 2014 que começou hoje a ser discutida é no valor de 1.600 milhões de euros.