A criança de 18 meses que esteve desaparecida durante três dias na Madeira vai continuar internada no Hospital do Funchal, porque as análises efetuadas revelaram «sofrimento muscular», disse o responsável pelo Serviço Regional de Saúde.
«A criança não vai ter alta hoje, porque se registaram alterações analíticas que revelam algum grau de sofrimento muscular que presumimos estarem relacionadas com a exposição ao frio», disse Miguel Ferreira à agência Lusa.
O médico adiantou que o menino «ficará internado na Pediatria pelo menos até amanhã [sexta-feira], porque esta situação tem de ser reavaliada e acompanhada».
Na sexta-feira voltarão a ser repetidas as análises e, se a situação «tiver evoluído favoravelmente, então poderá ter alta», ainda nesse dia ou no sábado, acrescentou.
A criança desapareceu no domingo quando se encontrava num encontro de família na casa do tio, no sítio dos Reis Acima, na zona alta do concelho da Calheta.
A criança foi encontrada três dias depois, na manhã de quarta-feira, por um levadeiro (profissional responsável pela distribuição de água de rega na Madeira) entre as 07:00 e as 08:00, numa levada nas proximidades da casa de onde desapareceu.
O bebé foi transportado para o Hospital do Funchal, depois de ter sido observado no centro de saúde da Calheta, tendo a equipa médica informado que estava «clinicamente bem».
«À entrada [nas urgências hospitalares], a criança estava consciente, lúcida, ligeiramente fria, mas não apresentava lesões visíveis de maus tratos», disse, então, José Luis Nunes, pediatra e diretor da Unidade de Neonatologia do hospital, em conferência de imprensa.
O pediatra considerou, na ocasião, «intrigante» que a criança tenha conseguido sobreviver sozinha durante tanto tempo exposta ao frio.
Entretanto, o coordenador da Polícia Judiciária na Madeira, Eduardo Nunes, admitiu à agência Lusa que as últimas diligências «podem levar a pensar» estar-se «perante um crime de rapto».
O responsável sublinhou que «continuam em aberto todas as possibilidades», assegurando que «a PJ vai continuar a investigar» até o caso estar resolvido.