O secretário-geral do PS acusou hoje o primeiro-ministro de ter usado uma estratégia de «baixo nível» no debate quinzenal no parlamento e considerou uma «falsidade» a ideia de que defendeu um segundo resgate financeiro para Portugal.
António José Seguro falava em conferência de imprensa, no parlamento, no final do debate quinzenal com a presença do primeiro-ministro, depois de Pedro Passos Coelho o ter acusado de defender um segundo resgate e de lançar dúvidas sobre a real sustentabilidade da dívida soberana portuguesa.
«Foi muito lamentável e foi de baixo nível aquilo que foi a estratégia do primeiro-ministro neste debate», reagiu o líder socialista.
De acordo com o secretário-geral do PS, «uma vez mais o primeiro-ministro escondeu dos portugueses os cortes que se prepara para fazer nomeadamente nas pensões».
«O Governo prepara-se para transformar cortes provisórios em definitivos, mas o primeiro-ministro escusou-se [ao longo do debate quinzenal] a esclarecer que cortes são esses», apontou António José Seguro, antes de defender a tese de que, perante este ponto em concreto, o líder do executivo optou por «uma manobra de diversão», tentando associar o PS a um segundo resgate.
«A acusação que o primeiro-ministro faz não passa de uma falsidade. É a única coisa que tenho a dizer sobre essa matéria. Cada vez que se falou em resgate foi sempre por iniciativa do primeiro-ministro - e é lamentável que isso aconteça», referiu o líder socialista.
Interrogado sobre medidas concretas que o executivo poderá tomar no âmbito do Documento de Estratégia Orçamental (DEO), Seguro deu uma resposta curta e dura.
«Gostava de ser muito claro. Não acredito na palavra deste Governo e deste primeiro-ministro. Só me pronunciarei quando observar em concreto as decisões deste Governo e deste primeiro-ministro», afirmou.
Nas suas declarações aos jornalistas, o secretário-geral do PS criticou também o posicionamento do primeiro-ministro no âmbito da discussão europeia sobre a possibilidade de a prazo haver um mecanismo de mutualização da dívida.
«Várias vezes defendi a necessidade de se mutualizar parte dívida, porque isso significa menos sacrifícios para os portugueses, mas o primeiro-ministro, hoje, chega ao debate invocando um relatório técnico e utilizando-o para carregar ainda mais na austeridade e para carregar ainda mais os portugueses com sacrifícios. Devo dizer que é inaceitável a forma como o primeiro-ministro se posiciona, porque, em vez de defender os interesses de Portugal e contribuir para uma vontade política europeia no sentido de uma boa gestão da dívida, mantém escondida uma agenda com mais cortes», criticou.
Seguro protestou também contra a decisão da maioria PSD/CDS de impedir que o secretário de Estado Leite Martins dê explicações no parlamento sobre o teor do encontro que teve recentemente com jornalistas e, igualmente, por Passos Coelho, hoje, durante o debate quinzenal, nada ter dito sobre este caso com um membro do seu Governo.
«O primeiro-ministro hoje nada esclareceu e manteve os reformados na incerteza. Quer transformar cortes provisórios em definitivos, mas nada esclarece. Temos de esperar pelo final do mês para saber o que vai acontecer? Isto é inaceitável», declarou o secretário-geral do PS, numa alusão à garantia de Pedro Passos Coelho de que as medidas de «substituição» serão conhecidas até ao fim de abril.