Economia

Ministra reafirma que não há agravamento de cortes

Maria Luís Albuquerque Global Imagens

Maria Luís Albuquerque, acusada pela oposição de ter mentido ao dizer que não haveria aumento de impostos, reafirmou que não há novos cortes sobre salários e pensões e garantiu que a tabela salarial única será aplicada de forma gradual.

A oposição acusou hoje o Governo de «devolver com uma mão e retirar com as duas» defendendo que na prática não vai ocorrer qualquer reposição de rendimentos com as medidas previstas no Documento de Estratégia Orçamental.

Considerando que o documento apresentado pelo Governo «confirma o embuste da saída da troika» e consiste «numa declaração de guerra aos portugueses», o deputado do PCP Paulo Sá defendeu que «não há qualquer reposição gradual de rendimentos» e que o Governo «fala em devolver com uma mão mas na verdade retira com as duas».

«O que há é novos cortes nos salários que deviam agora ser devolvidos. E a esses cortes há outras medidas de perda de rendimento, aumento das contribuições para a previdência social, aumento da contribuição para a ADSE, redução ou mesmo eliminação dos suplementos remuneratórios e alterações à tabela remuneratória única», disse o deputado, na abertura de um debate de atualidade, no Parlamento.

Pelo Governo, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque afirmou que os níveis remuneratórios «serão gradualmente repostos de forma compatível com a manutenção dos objetivos orçamentais».

«A existência de contas sustentadas impõe que a reposição seja sustentada. Não há novos cortes sobre salários e pensões», defendeu Maria Luís Albuquerque.

Recordando que mais de 85% por cento dos pensionistas não foram afetados por qualquer corte durante o período de ajustamento, Maria Luís Albuquerque disse também que a aplicação da nova tabela remuneratória única da função pública será um «processo que será feito gradualmente para garantir que não haja perda de rendimento».

Antes, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro tinha já vindo em defesa do Governo, lamentando que ninguém tenha ainda sido capaz de felicitar o executivo por o país estar a 15 dias do encerramento do programa de ajustamento «com a saída mais favorável que podíamos antecipar».

Para o deputado do PS João Galamba, o Governo demonstrou, com o DEO e com «sucessivas declarações» um «espetáculo degradante, de falta de credibilidade, engano e desorientação».

«Não diga que vai devolver porque há um enorme buraco negro que se chama tabela remuneratória única», afirmou.

Pelo BE, o deputado Pedro Filipe Soares acusou o Governo de «mentir ao país», defendendo que «as medidas de facto incidem sobre salários, pensões e mais impostos». «Se se taxasse a mentira do Governo nem precisava de aumentar o IVA», ironizou.

«O Governo não tem palavra, mas seria de esperar que pelo menos tivesse 15 dias de memória», disse, numa referência a declarações do primeiro-ministro há duas semanas, quando disse que as medidas que estavam a ser preparadas não incidiam em matéria de impostos, salários e pensões.

«O Governo não consegue pôr-se na pele dos portugueses, os portugueses vão continuar a sentir dificuldades, o Governo só está a regularizar as contas à custa dos portugueses», acrescentou a deputada do Partido Ecologista Os Verdes Heloísa Apolónia.