Governador do Banco de Portugal admite que sistema bancário esteve «em cima do fio da navalha», dias antes do resgate do BES. Ouvido no Parlamento, Carlos Costa reafirma que a solução encontrada para o BES é a que melhor defende o interesse dos contribuintes.
O governador do Banco de Portugal, ouvido sobre o caso BES na Comissão de Orçamento e Finanças, garantiu hoje que só na sexta-feira, ao final do dia, é que foi colocada em cima da mesa a hipótese de intervenção no BES.
Questionado sobre o motivo porque não foi a CMVM avisada durante o dia da solução que estava a ser preparada para o BES, Carlos Costa assegurou que a hipótese de resolução foi tomada já depois do fecho dos mercados e depois do BCE, numa reunião por teleconferência, ter decidido que o regulador bancário tinha até segunda-feira para encontrar uma solução para o banco.
Na sua intervenção, Carlos Costa foi categórico ao dizer que a situação era dramática e que estava em causa todo o sistema bancário português.
«Estivemos no passado fim-de-semana na iminência de uma crise sistémica e de um risco de grande amplitude que abrangeria todos os bancos do sistema. Tenho a consciência de que estivemos em cima do fio da navalha e que estivemos em cima desta situação», afirmou Carlos Costa.
O Governador do Banco de Portugal diz estar convencido que a solução encontrada foi a melhor e é a que melhor defende o interesse dos contribuintes e dos trabalhadores do Espírito Santo.
Na resposta às perguntas dos deputados, Carlos Costa explicou também o desejo do Banco de Portugal para que seja desencadeado, nas próximas semanas, o processo para atrair investidores privados para o capital social do Novo Banco, que ficou com os ativos considerados não problemáticos do BES.
«Nas próximas semanas, será necessário assegurar que nenhum aspeto é descurado», disse Carlos Costa, adiantando que será feita uma auditoria pela consultora PwC aos ativos, passivos e elementos extrapatrimoniais transferidos do BES para o Novo Banco.
Será ainda «desenvolvida a colocação do Novo Banco em acionistas privados», disse o Governador.
Para isso, afirmou, o Fundo de Resolução vai contratar um assessor financeiro para conseguir uma «solução transparente e que maximize o valor do Novo Banco».
Nesta audição, o governador do Banco de Portugal confirmou que o novo banco poderá ser vendido às fatias, «de forma a valorizar o ativo e recuperar o máximo de capital».