Os deputados franceses votaram hoje por larga maioria uma resolução que pede ao Governo o reconhecimento do Estado da Palestina, mas Israel já avisou que a decisão «vai prejudicar» o processo de paz.
Numa simbólica votação no parlamento, justificada «como um instrumento para permitir uma resolução definitiva do conflito», 339 deputados votaram a favor de um reconhecimento oficial do Estado da Palestina, 151 contra e 16 optaram pela abstenção.
A decisão não compromete o Governo de François Hollande mas possui um forte significado num contexto de crescente pressão na Europa para o reconhecimento do Estado palestiniano.
Numa primeira reação, a embaixada de Israel em França considerou em comunicado que a decisão «vai afastar as possibilidades de alcançar um acordo» de paz. Esta votação «envia uma mensagem errada aos líderes e aos povos da região», acrescenta a embaixada numa reação emitida logo após a adoção do texto.
Em novembro, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu já tinha considerado que o reconhecimento da Palestina pela França seria «um erro grave».
O documento foi aprovado hoje com os votos dos deputados do Partido Socialista (PSF, no poder), comunistas e ecologistas, enquanto contra votaram sobretudo os parlamentares da conservadora UMP e os centristas. Numerosos deputados de direita, também favoráveis ao reconhecimento do Estado palestiniano, não participaram na votação por considerarem que nas atuais circunstâncias a votação deveria ser adiada.
Após a decisão do hemiciclo, a França associa-se aos setores que na Europa pretendem pressionar Israel para regressar à mesa das negociações, uma iniciativa iniciada pela Suécia - o único país da União Europeia (UE) que reconheceu o Estado palestiniano - e seguida pelos parlamentos britânico e espanhol.
O parlamento português promove na próxima terça-feira a discussão de um texto sobre o reconhecimento da Palestina como Estado. Atualmente, 135 dos 193 países da ONU já reconheceram o Estado palestiniano.