Economia

Mais de 130 trabalhadores do fisco devem ser investigados por averiguação de contribuintes famosos

Dinheiro Vivo

O Sindicato dos trabalhadores dos impostos fala numa pressão clara, que se agravou nos últimos dois meses, desde a altura em que foram consultados os dados fiscais de Pedro Passos Coelho.

O Sindicato diz que recebe diariamente contactos de trabalhadores do fisco a pedir ajuda depois de serem notificados por terem consultado dados de contribuintes "famosos".

Assim, diz a estrutura sindical, são cada vez mais os trabalhadores notificados para explicarem o que os levou a consultar a informação fiscal de determinados contribuintes mais conhecidos da opinião pública.

Desde dezembro contam-se mais de 30 processos abertos e mais de uma centena de funcionários chamados a apresentar justificações, algo inédito, segundo o sindicato, na Autoridade Tributária.

À TSF, o presidente recorda que os primeiros processos nasceram contra trabalhadores que consultaram os dados fiscais de Pedro Passos Coelho. Paulo Ralha admite que existe «uma coincidência temporal pois é verdade que este tipo de pressão sobre os trabalhadores foi implementada quando surgiu uma notícia sobre o primeiro-ministro e a Tecnoforma».

Uma «pressão» que segundo o sindicato se agravou nos últimos 2 meses e se estendeu a outros nomes de políticos e sobretudo banqueiros ou grandes empresários.

Paulo Ralha fala num aumento claro e relata que «todos os dias» temos contactos deste tipo: funcionários a pedirem ajuda depois de receberem uma notificação, mesmo em casos em que a consulta foi feita no âmbito de uma fiscalização mais vasta ordenada pelos superiores hierárquicos.

O sindicato fala numa «pressão» clara sobre os funcionários do fisco que condiciona as inspeções feitas e tem fortes sinais de que existe uma espécie de lista VIP de contribuintes 'especiais'. Paulo Ralha conta que isso mesmo foi dito numa formação para 300 inspetores do fisco, onde foi explicado que «todos os nomes dessa bolsa que fossem acedidos levariam à chamada do funcionário para que se justificasse».

Para além desta afirmação feita em público, o sindicato tem outros «fortes indícios» de que essa lista VIP existe mesmo, algo que considera inaceitável por criar uma espécie de «portugueses de primeira e de segunda».